sexta-feira, 2 de maio de 2014

Icó celebra 1º de Maio com protestos nas ruas

Icó. Nesta cidade, cerca de 500 agricultores, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e servidores públicos federais participaram, na manhã de ontem, da tradicional manifestação de 1º de Maio. Os manifestantes percorreram ruas do Centro Histórico e realizaram ato em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

A manifestação assinala as comemorações ao Dia do Trabalho e neste cidade o ato público é realizado há 42 anos. Neste ano, o evento teve como lema "Cidadania e Respeito" e como tema "Icó clama por Justiça, saúde e educação". O tempo nublado no início da caminhada afastou um pouco o calor, mas na hora da concentração o sol voltou a incomodar e afastou os manifestantes do meio da rua.

Os líderes do movimento apresentaram reivindicações ao governo do Estado e à Prefeitura: distribuição de água por meio de carro-pipa, maior oferta de milho do programa Venda Balcão da Conab, construção de cisternas de placas, melhoria no atendimento de Saúde, Educação e da infraestrutura do Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos e ações para redução dos indicadores de violência.

O ato público é promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Icó, Sindicato dos Servidores Públicos Federais, MST, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Igreja Católica.

Foram apresentadas reivindicações dos trabalhadores rurais relacionadas com a seca que castiga o sertão desde 2012. Abastecimento de água, construção de cisternas de placas e apoio à agricultura familiar foram discutidos pelas lideranças comunitárias e dos movimentos sociais.

Seca

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Luiz Carlos Ribeiro, participou do evento. "Houve ações governamentais em socorro aos agricultores nesse período de estiagem, mas ainda há muito o que se fazer, como a ampliação do crédito rural, apoio à produção, assistência técnica e melhoria da infraestrutura do Perímetro Irrigado", disse Ribeiro. "A seca é uma preocupação de todos nós", disse em tom crítico o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, Lourival Teixeira. "O governo precisa apressar a liberação de recursos para crédito aos pequenos produtores rurais e o apoio às vítimas da estiagem com ações concretas e mais rápidas". Teixeira disse que apesar da redução do número de manifestantes, os trabalhadores estão unidos em na luta pelas suas reivindicações.

Antes da caminhada, foi servido um café da manhã comunitário aos manifestantes. O grupo percorreu algumas ruas do Centro Histórico de Icó, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e fez manifestação em frente à sede da Câmara de Vereadores e da Prefeitura. Violeiros (João Paulo, Fernando Miguel e Heleno Oliveira) e músicos do grupo Francisco Bitônio e seu Regional animaram o ato público, intercalado com apresentações de teatro de rua composto por integrantes da Pastoral da Juventude do Meio Popular.

Violência

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Edith Pitombeira, falou sobre a violência crescente contra as mulheres. "Infelizmente, os dados são crescentes", disse. "A criminalidade aumenta no centro urbano e também nas áreas rurais e precisamos de políticas públicas para a redução desses índices".

A falta de assistência adequada de atendimento básico de saúde na zona rural foi uma reclamação geral nos protestos deste ano. "Não há médicos e nem dentistas", disse a agricultora, Marciana de Souza, moradora da localidade de Cruzeirinho. "Os moradores também enfrentam dificuldades de deslocamento para a cidade".

No mês passado, um grupo de trabalhadores rurais do MST ocupou a sede da Prefeitura de Icó e apresentou uma lista de reivindicações que foi novamente discutida ontem. "As comunidades rurais continuam com saúde precária, falta estrada, e escolas foram fechadas", disse o agricultor Manoel Lima.

O agricultor Francisco Silva Pereira da localidade de Cruzeiro disse que as chuvas chegaram tarde e só favoreceram a pastagem para o gado. "Pouca gente plantou e a safra é pequena neste ano", disse. "Tivemos meio inverno". O produtor rural Serafim Rodrigues de Oliveira, da localidade de Poço da Pedra, reclamou conta a falta de abastecimento de água para as famílias. "O açude está seco e vamos ter mais dificuldades no segundo semestre", disse.

Para o presidente da Associação do Distrito de Irrigação Icó - Lima Campos (Adicol), Rui Teixeira, as dificuldades maiores é a manutenção do Perímetro, pois falta máquinas e equipamentos necessários. "Apenas 30% da área agricultável estão produzindo", observou Teixeira. No ano passado, trabalhadores rurais também ocuparam em Icó a sede do Dnocs reivindicando recursos para obras de infraestrutura.


Diário do Nordeste - Honório Barbosa (Repórter) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário