quinta-feira, 19 de março de 2015

FÉ EM SÃO JOSÉ AJUDA A SUPERAR OS MOMENTOS DIFÍCEIS

Iguatu / Fortaleza. Só a fé para superar a expectativa de quatro anos de seca no Estado. A história da devoção a São José, na localidade de Baú, zona rural do município de Iguatu, nasceu da fé de um agricultor, mas teve motivo próprio, diferente dos pedidos e agradecimentos pela chuva. Em 1896, o agricultor José Alves de Oliveira, fiel às tradições religiosas, em um momento de muita aflição, por ocasião do nascimento de um dos seus filhos, fez promessa e, com a graça alcançada, ergueu a capela e dedicou o templo a São José.

> Tendência é continuar abaixo da média em 2015

Desde então, a família e os moradores celebram novenas ao longo do mês dedicado ao santo. No dia 19, Dia de São José, tem a tradicional missa, rezada sob a sombra de um frondoso Juazeiro, ao lado da capela, pela manhã, atraindo devotos dos sítios vizinhos. É dia de muita festa na comunidade.

Os agricultores mantêm a fé e se distanciam das explicações científicas. "Deus e São José não vão nos abandonar porque, mesmo nos últimos anos de seca, veio chuva", disse o agricultor, Francisco Barbosa de Oliveira, o Nena, que costuma levar para a roça uma imagem de São José, além da enxada e de outras ferramentas de trabalho. "Penso que o inverno será bom, tenho muita fé de que terei uma boa safra de milho e feijão".

A aposentada Zenalda Alves de Oliveira reafirma que os moradores expressam fé inabalável no santo, que é patriarca da Igreja Católica. O agricultor Raimundo Vieira de Brito perdeu a safra de grãos em 2014, mas não desiste. "Já plantei um hectare e vou plantar mais no Dia de São José porque acredito no Santo e no Homem lá de cima", afirmou. O agricultor Paulino Bezerra de Oliveira disse que a tradição religiosa veio dos avós e a devoção se mantém viva até hoje. "Nós somos pecadores, mas Deus terá piedade de nós".

O padre Afonso Queiroga, vigário geral da Diocese de Iguatu, cujo padroeiro também é São José, separa a ocorrência de seca e de chuva da vontade dos santos e de Deus. "Há um forte sentimento de religiosidade popular entre os católicos, os sertanejos, que precisa ser compreendido e respeitado", frisou. "Os mistérios de Deus, entretanto, são incompreensíveis e cada devoto carrega a sua fé, a sua experiência particular".


Abastecimento

Segundo informações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), apesar das chuvas que banharam o Estado entre fevereiro e março, atualmente 35 municípios ainda enfrentam algum tipo de rodízio no abastecimento de água no Estado: Apuiarés, Ararendá, Baixio, Campos Sales, Capistrano, Caridade, Catunda, Coreaú, Crateús, Farias Brito, Graça, Hidrolândia, Ipaumirim, Iracema, Itatira, Jaguaretama, Martinópole, Moraújo, Mucambo, Mulungu, Novo Oriente, Pacoti, Pacujá, Palmácia, Paracuru, Parambu, Pentecoste, Pereiro, Quiterianópolis, São Luís do Curu, Senador Sá, Tamboril, Tejuçuoca, Umari, Uruoca. Esse dado difere do anterior, 30, porque Trairi saiu e entraram Apuiarés, Campos Sales, Coreaú, Moraújo, Tamboril e Tejuçuoca.

Na cidade de Jaguaretama, que está entre as 36 áreas urbanas que enfrentam racionamento ou rodízio de água no Ceará, a dona de casa Maria Pinheiro compra água de um carro-pipa particular, pagando R$ 40,00 por mil litros, que são despejados na caixa elevada e em baldes. "É o jeito comprar porque o caminhão demora a fazer a distribuição". O aposentado Idelmar Barreto disse que a água distribuída em carros-pipa, oriunda de açude, é imprópria para o consumo. "É suja, barrenta e o jeito é comprar água mineral para beber e de poços para banho e cozinhar", completa.


DIÁRIO DO NORDESTE: Honório Barbosa / Maristela Crispim Repórter / Editora

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