terça-feira, 8 de março de 2016

ATENTADOS EM FORTALEZA FORAM ORDENADOS DE PRESÍDIOS, DIZ DELEGADO

Pelo menos três presidiários que estariam em uma mesma Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) do Ceará teriam ordenado a maioria dos 13 atentados registrados na Grande Fortaleza, desde a última quarta-feira, 2. O POVO apurou que os detentos seriam ligados a facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização paulista com atuação no Ceará. A descoberta se deu no último domingo, 6, após as prisões de três pessoas que teriam participado diretamente dos ataques.

O assunto foi tratado em reunião entre a cúpula da Segurança e o governador Camilo Santana (PT), ontem, no Palácio da Abolição. Os ataques teriam sido ordenados, conforme as investigações, por revolta dos internos, que alegam maus-tratos nas prisões. Essa era uma das cinco linhas de investigação trabalhadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSPDS) até o momento das prisões.

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“Sem sombra de dúvidas, os ataques, principalmente às delegacias, ocorreram por ordem de bandidos de dentro dos presídios. Esses mandantes já foram identificados e serão interrogados. Eles tinham o objetivo de chamar atenção para as más condições no ambiente carcerário”, afirmou Andrade Júnior, delegado-geral da Polícia Civil.

Até o fechamento desta página, foram registrados 13 ataques: cinco delegacias e um prédio da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) foram alvejados com disparos de armas de fogo e seis ônibus e uma topique foram incendiados. Ao todo, nove pessoas foram presas e três adolescentes apreendidos, suspeitos de participação nos atentados.

Prisões de domingo

As prisões de três pessoas envolvidas nos ataques a prédios públicos aconteceram na tarde de domingo, no bairro Ancuri, em Fortaleza, e no município de Pacajus. Por meio de nota, a SSPDS informou que a ação teve início após policiais militares abordarem dois suspeitos em um carro clonado de modelo HB20 e placa PMH 5438, no Ancuri. No veículo, os policiais encontraram uma carta de agradecimento pelos ataques contra as delegacias, supostamente assinada pelo PCC. Mesmo com a apreensão da carta, o delegado considera que “ainda é prematuro atribuir a ocorrência dos atentados a uma organização criminosa específica”.

A dupla foi levada à Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). Foram presos Francisco Rafael Pereira Almeida, 23, e Lucas Pessoa de Almeida, 38. A partir da prisão, a Polícia chegou a Ana Klaudya Fernandes de Oliveira, 26, que é companheira de um presidiário. Na casa dela, em Pacajus, foram apreendidas duas espingardas de calibres 12 e 44, usadas nos ataques.

Na noite de ontem, foram presos mais dois suspeitos. Até o fechamento desta matéria, não foram divulgados os nomes dos capturados ou se eles estão envolvidos nos ataques às delegacias ou ao transporte público. Segundo Andrade Junior, os presos responderão por porte ilegal de arma, tráfico de drogas, dano ao patrimônio público, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.

A SSPDS, por sua vez, informou, em nota, que a morte de um adolescente em troca de tiros com policiais do BPRaio teria sido a motivação para os ataques.

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Prisões

Na última quarta-feira, 2, quatro homens foram presos em flagrante por equipe do Raio, por volta das 19h40min, na BR-116, na altura do Km-24, em Itaitinga. Eles estavam com um revólver, uma espingarda e utilizavam um automóvel Gol que teria sido usado no ataque ocorrido na Aerolândia.

No mesmo dia, às 21h15min, três adolescentes foram apreendidos, também por homens do Raio, numa parada de ônibus da avenida Sargento Hermínio, no Presidente Kennedy. Eles estavam com um revólver calibre 32 e um galão com 5 litros de gasolina, e estariam esperando para incendiar outro ônibus.

Segundo a Polícia, os adolescentes atacaram ônibus no Presidente Kennedy, para vingar a morte de José Neir Moura Neto, 16. O jovem trocou tiros com a Polícia e morreu.

Linhas descartadas

As outras possibilidades eram que os ataques fossem: retaliação pela tentativa de suborno, negada por policiais, feita por uma mulher, presa por tráfico; retaliação pela discussão sobre o uso de bloqueadores de sinal de celular nas penitenciárias; e uma reação à transferência de um detento de alta periculosidade para um presídio federal.



O POVO

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