sexta-feira, 24 de junho de 2016

ESQUEMA FRAUDOU EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS DE ATÉ R$ 600 MIL NO CE

Investigações da Força-Tarefa Previdenciária, composta pela Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal, identificaram, em Fortaleza, uma quadrilha que fraudava benefícios previdenciários e empréstimos consignados para obter vantagens financeiras. Somente em um dos casos, a polícia detectou que uma pessoa adquiriu R$ 600 mil com a suspensão indevida de empréstimos, prática conhecida como "ciranda dos consignados".

A operação, denominada "Ciranda", foi deflagrada nesta quinta-feira (23), com a participação 16 policiais federais e servidores da Previdência Social. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em duas agências do INSS, nos bairros Damas e Centro, de onde foram identificadas as fraudes. Nos locais foram apreendidos documentos e materiais de informática, que deverão ser periciados.

A Polícia Federal identificou um funcionário público do INSS, um ex-servidor previdenciário e um despachante como sendo os mentores do esquema fraudulento, que envolvia ainda "laranjas" e beneficiários do INSS. O trio foi conduzido coercitivamente durante a operação para prestar esclarecimentos na sede da PF. Os três envolvidos também tiveram os bens bloqueados para ressarcimento do dinheiro.

Conforme a chefe da Força-Tarefa Previdenciária, delegada federal Adriana Araújo, a quadrilha atuava em duas diferentes frentes. O grupo fraudava a liberação de aposentadorias para pessoas que ainda não tinha direito ao benefício, e suspendia, indevidamente, o desconto nas parcelas de empréstimos consignados, para que os pedidos fossem refeitos.

"Os envolvidos no esquema modificavam dados como datas de nascimento e tempos de contribuição, para que os beneficiários tivessem direito à aposentadoria, mesmo fora do prazo. Em troca, as pessoas pagavam pelo serviço. O outro crime que era praticado é a chamada 'ciranda dos consignados'. A pessoa fazia o empréstimo consignado e depois entrava com uma ação para suspender o desconto da dívida na folha de pagamento para desbloquear a chamada 'margem consignável'. Com isso, uma única pessoa poderia realizar vários empréstimos. Uma delas conseguiu R$ 600 mil", explicou a investigadora federal.

A delegada Adriana Araújo acrescentou que um dos suspeitos era responsável por captar clientes para realizar os empréstimos. Ele seria um espécide de despachante, que levava os possíveis beneficiários às agências para os outros envolvidos. No fim, cada um recebia sua parte adquirida através do negócio ilícito.

Prejuízos

A chefe da Força-Tarefa Previdenciária apontou que o grupo vinha sendo investigado desde 2012. Neste tempo, o prejuízo sofrido pelos cofres públicos foi de aproximadamente R$ 5 milhões. A investigadora acrescentou que, caso continuasse ativo, o esquema poderia ter gerado um prejuízo maior que R$ 15 milhões.

A Polícia Federal afirmou que as investigações deverão ser continuadas para tentar identificar outros envolvidos nas fraudes. Os três homens apontados como mentores do esquema foram liberados após prestarem depoimento.

Os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de estelionato previdenciário, formação de quadrilha, falsificação de documento público, uso de documento falso e inserção de dados falsos em sistema de informações, com penas que variam de um a 12 anos de reclusão.


G1 CE

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