quinta-feira, 30 de junho de 2016

LIBERAÇÃO DE ÁGUA DO ORÓS PARA A RMF GERA IMPASSES EM COMITÊS

A segunda quinzena de julho traz decisões importantes para a segurança hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) até 2017. O período é o novo prazo pedido pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para apresentar plano de contingência, detalhando opções de racionamento. E, no dia 20, haverá a segunda tentativa de votar a liberação das águas do açude Orós. Medida que gera impasses e depende de cinco Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs).

Não houve um consenso na última reunião dos comitês, no dia 2 de junho, marcado por debates acalorados e apreensão de produtores e moradores da região sobre as consequências da liberação. A decisão colegiada envolve os diversos setores das regiões afetadas pela proposta, como produtores rurais, indústrias, associações da entidade civil e representantes do poder público municipal, estadual e federal.


“São muitos interesses divergentes. Quando a água está escassa, surgem os conflitos na defesa de cada atividade”, analisa Alcides Duarte, secretário-geral da CBH do Alto Jaguaribe, onde fica o Orós. Segundo Duarte, o uso do açude Banabuiú em 2014 para complementar o Castanhão no abastecimento da Capital é apontado como experiência negativa. “O Banabuiú está seco, a cidade está buscando água em adutoras. Os moradores querem cautela, porque o Centro-Sul não tem o mar perto para dessalinizar e tem menos alternativas que a Capital”, pondera.

O receio é de um esvaziamento do Orós e do prejuízo para pequenos irrigantes e pescadores, além da mortandade de peixes, elenca Júlio Alves, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Assaré no CBH do Alto Jaguaribe. Segundo explica, o sindicato entende que a água é prioritariamente para o abastecimento humano. “Somos contra a forma como as águas são liberadas em canais a céu aberto ou no leito dos rios. Há grandes desperdícios pela evaporação”, exemplifica.


Capacidade

Apesar de ser o segundo maior açude do Ceará, o Orós está com a maior reserva atualmente. São 651 bilhões de litros, ultrapassando os 570 bilhões de litros do Castanhão. E tem sido defendido pelo Governo como alternativa para o abastecimento da RMF.


As bacias do Alto, Médio e Baixo Jaguaribe, do Salgado e do Banabuiú voltam a discutir o tema em reunião de alocação marcada para o dia 20, em Limoeiro do Norte. Como na primeira tentativa, haverá apresentação de simulações e cenários técnicos de abastecimento até a próxima quadra chuvosa.



O POVO

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