terça-feira, 27 de março de 2018

BALA QUE PAROU EM LIVRO E QUASE ATINGIU ALUNO NA CHACINA DO BENFICA FOI RECOLHIDA E USADA EM PERÍCIA, NO CE



A bala que atingiu um livro dentro da mochila de um estudante universitário na noite da chacina do Bairro Benfica, em Fortaleza, foi recolhida pela polícia e usado para levantar informações sobre as armas usadas no crime. Ao total, a perícia analisou 24 projéteis, 18 deles retirados dos corpos das vítimas. Os laudos foram divulgados nesta segunda-feira (26). As mesmas armas foram usadas nos três ataques no bairro.

A polícia civil colheu o objeto com o estudante no dia 13 de março, quatro dias após a chacina. Segundo o universitário, o objeto estava intacto. “O projétil estava intacto, só um pouco amassado por causa do impacto”, afirma. O livro "Introdução à Mecânica dos Fluidos", que salvou o estudante do tiro, foi devolvido à instituição onde ele estuda.

O universitário, que prefere não ser identificado, estava na Praça da Gentilândia na noite da chacina, em 9 de março. Três pessoas morreram na praça. Outras quatro vítimas morreram nas proximidades da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), que fica no bairro; três baleadas na Vila Demétrio e uma na Rua Joaquim Magalhães.

A Praça da Gentilândia costuma ser frequentada por estudantes, e estava lotada na noite do crime.

O rapaz acredita que a bala atingiu a mochila que ele carregava quando um dos suspeitos atirou em direção a uma esquina da praça, no mesmo sentido em que o jovem correu durante o tiroteio.

“Os caras [autores do crime] chegaram atirando na região onde ficam as barracas de carne [da Praça da Gentilândia] e depois foram se aproximando mais das pessoas e atirando”, relembra. "Depois, um cara moreno com [um revólver calibre] 38 deu um tiro pro lado da esquina, que possivelmente acertou minha mochila", completa.

Perícia
Quatro armas distintas foram utilizadas pelos criminosos. A perícia revelou evidências de que uma delas foi usada nos três focos da chacina. As ações foram coordenadas.

O resultado das análises de projéteis e impressões digitais colhidos na investigação foi divulgado pela Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec), o Laboratório de Identificação Papiloscópica (LIP) e a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta segunda-feira (26). O trabalho mostra que as ações foram coordenadas.

Ao total, 24 projéteis foram analisados, sendo 18 retirados dos corpos de algumas vítimas. Segundo a polícia, impressões digitais colhidas em um dos veículos usado no crime, apreendido 24 horas depois do ocorrido, também foram analisadas e levaram à identificação de outros suspeitos.

Pelo menos cinco pessoas estão envolvidas na matança. Um suspeito está preso, identificado como Douglas Matias da Silva. Ele é o proprietário do carro apreendido, que estava guardado na garagem da namorada dele. O suspeito já responde por homicídio.

Facções criminosas
A principal suspeita da polícia é de que a motivação da chacina foi a "disputa entre facções" criminosas que brigam por territórios do tráfico de drogas.

Segundo diretor adjunto da DHPP, delegado George Monteiro, os criminosos teriam um alvo certo, morto na Praça da Gentilândia. As outras vítimas teriam sido escolhidas de forma aleatória, segundo Monteiro. O delegado não quis revelar quem seria o alvo dos criminosos para não comprometer as investigações.


Por G1 CE

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