Brincar com cães, gatos, e até o "soim", que corre
pelas árvores do quintal, pode ser perigoso devido à transmissão do vírus da
raiva humana. Além destes, outros animais como vacas, cavalos e macacos também
podem contaminar seres humanos através da mordida. A Secretaria da Saúde (Sesa)
do Estado divulgou que, no primeiro semestre deste ano, foram registrados
16.396 casos de "acidentes por animal potencialmente transmissor da
raiva" em todo o Ceará. Fortaleza desponta em primeiro lugar na estatística,
com 3.059 casos. Logo após, Acopiara, na região Centro-Sul, aparece com 669
casos, ocupando a segunda posição.
Os dados foram divulgados, na última sexta-feira (29), quando
a Sesa publicou a planilha de Doenças de Notificação Compulsória, referente aos
seis primeiros meses do ano. O número representa uma média de mais de 500 casos
por mês, registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação
Compulsória (Sinan).
O infectologista Anastácio Queiroz revela que não existe um
grupo mais afetado pela doença, porém existem situações que requerem maior
atenção. "O maior risco está em pessoas que estão mais expostas, como por
exemplo crianças que brincam com animais. Mas o importante é que após toda
agressão, o indivíduo seja encaminhado a um posto de saúde o mais rápido
possível", explica o médico. O especialista complementa que o tratamento
após a mordedura, pode ser feito sob a análise de duas situações: se o
indivíduo for atacado por um animal que pode entrar em observação (como um
bicho de estimação), apenas a aplicação da vacina é necessária para o
tratamento; no entanto, se a agressão partir de um animal selvagem (como um
morcego), é necessária a aplicação de um soro.
Anastácio Queiroz afirmou que a vacina contra a raiva humana
pode ser aplicada em qualquer posto. No entanto, a aplicação do soro é
exclusiva ao Hospital São José, referência no tratamento de doenças
infecciosas.
Limpeza
Antes mesmo de buscar atendimento médico, a pessoa agredida
por um animal deve imediatamente lavar o ferimento com água e sabão, segundo
reforça o infectologista Erico Arruda, diminuindo, assim, o risco de infecção,
"seja ela relacionada ao forte trauma ou aquela oriunda das bactérias da
boca do animal, então é muito importante esse cuidado para diminuir o risco de
infecção e a chance da pessoa adquirir raiva humana", afirma.
De extrema gravidade e raríssimos casos de cura no mundo, a
raiva é uma doença infecciosa viral aguda, caracterizada pela inflamação no
cérebro. Conforme Arruda, a manifestação inicial é de febre, rapidamente
evoluindo para um quadro de desorganização de pensamento, delírio,
agressividade, espasmos musculares, entre outros. "Com o passar dos dias a
encefalite vai se agravando e a pessoa vai perdendo a capacidade de se manter
acordado e vai entrando em coma. É uma doença muito grave e as poucas pessoas
que conseguem escapar têm graves sequelas neurológicas decorrentes dessa
inflamação", diz.
Fonte: Diário do Nordeste
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