Em meio à seca que castiga o sertão cearense há sete anos,
alguns agricultores de base familiar ainda conseguem manter a produção de
hortaliças graças à implantação de tecnologias de convivência com o Semiárido.
A maioria, entretanto, suspendeu a atividade por causa da escassez de água. O
reflexo da estiagem é a queda na oferta de verdura (coentro, cheiro verde,
pimentão) nas feiras livres e mercadinhos.
Quem consegue produzir está satisfeito com o mercado
favorável. O agricultor Almir Batista e o genro, Remildo Souza, na localidade
de Guassussê, zona rural de Orós, mantêm o cultivo de pimentão, alface,
cebolinha e coentro. "Diminuímos a produção em 30%, mas vendemos tudo que
produzimos para os sítios vizinhos e para as cidades de Orós e de Icó, porque,
com a seca, sem água nos poços, as hortas estão se acabando", disse. A
dupla consegue obter cerca de R$ 3 mil por mês com a produção das hortaliças.
A Secretaria de Agricultura de Iguatu estima que o número de
unidades produtoras caiu pela metade se comparado com outubro de 2016.
Quem ficou na atividade e quem apostou em plantio sem uso de
agrotóxico comemora bons resultados: vendas crescentes. Um exemplo vem do sítio
Barreira dos Pinheiros.
O produtor Ednaldo Barros cultiva alface de maneira natural,
sem o uso de nenhum produto químico. Os pés chamam a atenção pela qualidade e
bom desenvolvimento. A plantação livre de veneno atrai o desejo dos
consumidores na feira livre. "Vendo tudo o que produzo", disse. A
estiagem que assola o sertão cearense desde 2012 afetou os produtores de
hortaliças ano após ano. Nesta época, os poços secaram ou estão com nível de
água muito baixo.
Obstáculo
A dificuldade para a irrigação dos canteiros de verdura faz
com que a maioria desista do cultivo. Há escassez de água também nos quintais
produtivos que dependem do recurso hídrico acumulado em cisternas de enxurrada.
A queda na produção já traz reflexo na feira livre das cidades e nos pontos de
venda de frutas e verduras. "Acaba logo pela manhã cedo e não dá para
atender toda a clientela", disse o vendedor, Luís Gomes. "Havia
muitas hortas, mas houve uma diminuição por causa da dificuldade de água".
Há, pelo menos, cinco meses que não chove no sertão cearense.
Os médios e pequenos açudes e poços secaram ou estão com reduzida quantidade de
água. Em Iguatu, o produtor de hortaliças Francisco Ribeiro, da localidade de
Barreiras, já tomou uma decisão: "Só vou colher esse restante e não vou
mais plantar".
Inviável
A produção ficou inviável porque não há água nem mesmo no Rio
Trussu para a continuidade do trabalho do agricultor, Ribeiro. Ao lado da
mulher, o produtor de base familiar, mostra com tristeza parte do cultivo de
hortaliças perdida por falta de água. "O poço secou e não tem água no rio".
Fonte: Diário do Nordeste – Honório Barbosa
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