Mais de 560 trabalhadores foram
resgatados de situações análogas à escravidão no Ceará desde 2003. Os números
deixam o Estado na 18ª posição no "ranking" do trabalho escravo entre
estados brasileiros. Foram 63 operações antiescravidão no Estado desde 2003, de
acordo com dados do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil.
Os dados, mantidos pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT), apontam Paracuru como município onde
maior número de trabalhadores foram resgatados no Ceará, com 141 egressos.
Dando sequência à série de reportagens Radiologia da Escravidão Moderna, O POVO
Online divulga a lista dos seis municípios com o maior número de casos
registrados no Ceará.
Leia mais: Saiba os locais que
mais exploraram trabalho escravo de cearenses
1º) Paracuru – 141 resgates
Os trabalhadores foram
encontrados em situação degradante de trabalho, sem equipamento de proteção
individual – como óculos e luvas – para o corte de cana-de-açúcar e de pés
descalços. Com cinco menores de idade no grupo, os resgatados trabalhavam oito
horas por dia recebendo baixos salários e com estrutura precária, sem
alimentação e nem sequer água.
2º) Granja – 118 resgates
Segundo a pasta, trabalhadores
não tinham acesso a água potável e trabalhavam sem "condições
mínimas" de higiene, sem instalações elétricas ou sanitárias. Eles
relataram que bebiam água sem filtragem, em copos coletivos, e que o almoço e o
jantar - compostos de apenas arroz e feijão - eram preparados em fornos
improvisados de latas de querosene.
3º) Beberibe – 55 resgates
Na época, imagens dos
trabalhadores em alojamentos sem condições mínimas de higiene e água potável
percorreram o País. Trabalhando por várias horas diárias e sem equipamentos ou
direitos trabalhistas, os trabalhadores foram resgatados de plantações de
frutas.
4º) Parambu – 51 resgates
No coração dos Inhamuns, Parambu
entrou para a lista do trabalho escravo após operação resgatar, em outubro de
2008, 51 trabalhadores de carvoaria do Município. Segundo o Ministério do
Trabalho, os trabalhadores passavam vários dias em barracões improvisados de
toras de madeira cobertos por lonas plásticas, sem água potável ou banheiros.
Submetidos a jornadas exaustivas
de longas horas e com poucos descansos, eles desenvolviam atividade de alto
risco, com corte de madeira e produção de carvão, sem quaisquer equipamentos de
segurança ou acesso a material de primeiros socorros.
5º) Sobral – 48 resgates
Alvo de duas operações na década
passada, Sobral entrou na lista suja após operação do Ministério Público do
Trabalho resgatar 24 trabalhadores de uma fazenda no distrito de Caioca,
afastado da sede. Deflagrada em fevereiro de 2006, a operação trouxe o primeiro
caso oficial de trabalho escravo registrado no Ceará.
Recrutados em municípios do
Maranhão com promessas de altos salários, os trabalhadores acabaram endividados
com os próprios empregadores por conta de cobranças de alimentação, transporte
e utensílios de trabalho. Por meses, eles fizeram limpezas de linhas de
transmissão da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) para uma
empresa terceirizada.
"Eles estavam num local
completamente abandonado, junto com fezes de animais, sem estrutura para dormir
e sem local para fazer as necessidades fisiológicas", disse, à época, o
procurador do Trabalho Carlos Leonardo Holanda.
6º) Caucaia – 26 resgates
Segundo o MPT, os trabalhadores
foram resgatados no distrito de Capuã e não possuíam registro em Carteira de
Trabalho, nem proteção individual, e trabalhavam na extração de carnaúba. A
operação revelou ainda que eles preparavam alimentos em condições precárias, em
fogueiras montadas no chão e com uso de utensílios sem qualquer higiene.
O POVO - CARLOS MAZZA | IGOR
CAVALCANTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário