Leilane Oliveira Chave, aluna de doutorado da Universidade
Federal do Ceará (UFC) foi selecionada para participar de um evento na
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América, após concorrer em uma
seleção com 540 estudantes de 21 países. Além da cearense, que faz parte do
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema), outros dez brasileiros foram
selecionados para o evento, porém Leilane é a única nordestina entre os
participantes — que são 16 do mundo todo.
O evento acontece no próximo dia 10 de maio, e é organizado
pelo Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americano Hutchins Center da universidade
americana. A mostra reunirá as melhores teses de doutorado sobre temas
afro-latinos-americanos. A pesquisa de Leilane aborda a temática dos modos de
vida e os conflitos pelo uso dos recursos naturais na comunidade quilombola do
Cumbe, no município de Aracati.
“Eu sempre gostei de trabalhar temas relacionados à
afro-brasilidade porque é como eu me identifico, como negra. Então é uma
temática que eu sempre tive interesse por identificação pessoal. Desde o
mestrado, trabalho com comunidades quilombolas”, revela a doutoranda.
“É uma sensação muito boa de orgulho por estar participando
de um evento tão grande, com discussões, oportunidade de receber contribuições
tão grandes de outros professores que vão estar lá participando desse evento”,
complementa a pesquisadora cearense.
O envolvimento com as comunidades pesquisadas, inclusive, foi
fundamental para a inscrição na seleção do programa. “Foi um morador da própria
comunidade, o ‘João do Cumbe’, que viu a chamada (do evento), acho que no site
da Capes (Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) e enviou para uma das professoras que trabalha comigo”. A
docente em questão é Adryane Gorayeb, vice-coordenadora do Programa de
Pós-Graduação em Geografia da UFC.
Para Adryane, a participação tem repercussão
fundamental no reconhecimento do trabalho desenvolvido. “Isso denota o
impacto social positivo das pesquisas desenvolvidas na UFC. O prêmio revela a
qualidade do trabalho desenvolvido, ou seja, como um dos melhores do mundo. Nós
somos capazes de desenvolver trabalhos acadêmicos de alta qualidade, dentro da
área das Ciências Humanas, apesar do preconceito que existe com essa área”,
complementa a vice-coordenadora.
Além do reconhecimento para a pesquisa acadêmica, a participação
vem como oportunidade de destaque às comunidades e temas estudados. “Dar
visibilidade é uma das maiores
contribuições que a gente pode dar para as comunidades. Mostrar que elas
existem, quais são as condições de vida desses moradores. Essa é a maior
contribuição que posso deixar. Sinto-me feliz não só por mim, como
pesquisadora, mas também em ‘levar a comunidade comigo’’”, finaliza a estudante
da UFC.
Fonte: Diário do Nordeste
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