quinta-feira, 20 de junho de 2019

Ceará tem dois novos casos prováveis de microcefalia por Zika


Três anos após a epidemia do vírus Zika que acometeu o Ceará, o Estado apresenta indícios de uma possível nova manifestação da doença. Duas crianças, uma nascida em Fortaleza e outra no município de Aratuba – a 158 quilômetros da Capital – foram diagnosticadas com microcefalia, e a relação com a Síndrome Congênita do Zika Vírus foi confirmada pelo neurologista do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), André Luiz Santos.

Os dois diagnósticos estão relacionados a uma criança de Fortaleza, nascida no fim de 2019, e outra de Aratuba, que nasceu em fevereiro de 2019. Conforme o médico, como não foi realizado exame laboratorial a tempo, o diagnóstico é realizado por meio de análises clínicas, por isso os casos estão dentro da nomeclatura dos "prováveis". "Pelo Ministério da Saúde, o paciente é confirmado se (quando) tem exame laboratorial. Daí cria-se um grupo dos prováveis, que a gente sabe que é Zika Congênita, mas não tem mais a chance de confirmar laboratorialmente”, explicou o médico.

Sobre o diagnóstico, André Luiz Santos revelou que é feita análise clínica, a radiologia e exclui outras STORCHs (Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes). "Poderia ser Zika, mas tinha sorologia para CMV (Citomegalovírus), que é a causa mais comum de microcefalia infecciosa, e a imagem mostra que é mais CMV", ressaltou André Luiz.

O médico explicou que para serem publicados no boletim epidemiológico, há um atraso, um tempo de análise. “É difícil confirmar, porque a criança já chegou aqui com quatro meses. Mas ele é Zika Congênita, padrão completamente compatível, com exclusão de outras STORCHs. Mas fica como se fosse em investigação”, detalhou André Luiz.

André Luiz acrescentou que o Hias tem 150 pacientes cadastrados com microcefalia, no entanto em torno de 70% ficam nos casos prováveis, ou seja, aqueles que não passaram por exames laboratoriais dentro do tempo devido. “A criança chegou fora de uma faixa etária que a gente tivesse acesso aos exames que confirmassem”, acrescenta André Luiz Santos.

As novas possíveis manifestações da doença devem-se ao fato de que, em 2015 e 2016, a infecção foi ampla e teve uma maioria de casos assintomáticos. “O que deve ter acontecido: quase toda a população foi infectada, e houve uma resposta imunológica ao vírus. Depois da epidemia, a tendência foi cair. Mas é óbvio que não quer dizer que não vai acontecer de novo”, ressalta.

A reportagem do Diário do Nordeste entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) para questionar sobre o número de casos de microcefalia confirmados e prováveis entre 2018 e 2019, mas ainda não obeteve respostas.

"Pelo Ministério da Saúde, o paciente é confirmado se tem exame laboratorial. O problema é que é muito difícil essa confirmação laboratorial dos pacientes que nascem com Zika congênita. A gente tem cadastrados mais de 150 pacientes, sendo que em torno de 70% ficam nos casos prováveis”, explica. Segundo o neurologista pediátrico, é considerado ‘caso provável’ o paciente que não passou pelo exame no tempo devido. “A criança chegou fora duma faixa etária que a gente tivesse acesso aos exames que confirmassem”, acrescenta.

As novas possíveis manifestações da doença devem-se ao fato de que, em 2015 e 2016, a infecção foi ampla e teve uma maioria de casos assintomáticos. “O que deve ter acontecido: quase toda a população foi infectada, e houve uma resposta imunológica ao vírus. Depois da epidemia, a tendência foi cair. Mas é óbvio que não quer dizer que não vai acontecer de novo”, ressalta André Luiz Santos.

Uma vez que o vírus e o mosquito transmissor continuam circulando, a previsão é de que os casos da arbovirose continuem sendo identificados, assim como a Zika congênita. “Provavelmente, não será da forma como foi, aquela coisa epidêmica, pegando muita gente, justamente por conta da resposta imunológica. Isso são hipóteses, claro. Mas vamos continuar tendo os casos”.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e aguarda a resposta sobre quantos casos prováveis ou em investigação de Zika congênita existem no Ceará, e quais equipamentos são responsáveis por realizar o exame laboratorial.

Diário do Nordeste

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