Durante a sessão especial na
Assembleia Legislativa para debater a redução de recursos destinados a
instituições federais de ensino superior e à pesquisa no País, reitores de
quatro instituições manifestaram preocupação com o corte nos repasses
anunciados pelo Ministério da Educação. O evento, que aconteceu na manhã desta
sexta-feira (31/05), no Plenário 13 de Maio, foi uma iniciativa do presidente
do Poder Legislativo, deputado José Sarto (PDT), e dos deputados Queiroz Filho
(PDT), Bruno Pedrosa (PP), Fernando Santana (PT) e Augusta Brito (PCdoB).
Henry Campos, reitor da da
Universidade Federal do Ceará (UFC), manifestou a sua preocupação de que as
medidas do Governo Federal resultem na privatização da educação superior no
Brasil e no fim das universidades públicas.
Para ele, o atual Governo Federal
está patrocinando uma clara campanha de desmoralização das universidades
públicas, com o anúncio de cortes brutais. “É falacioso e inverdade dizer que o
Brasil já gasta muito com educação superior. Outra inverdade dita pelo
presidente da República, Jair Bolsonaro, é que toda pesquisa no Brasil é
realizada por universidades privadas, quando, na realidade, 95% das pesquisas
feitas no País são de universidades públicas”, apontou o reitor da UFC.
Ainda de acordo com o reitor, é
imperativa a mobilização de toda a sociedade em defesa do que avalia como o
maior patrimônio do Brasil, que são as universidades públicas. “Apesar de
concentrarem 20% dos alunos do ensino superior do País, essas instituições
respondem por mais de 90% das pesquisas produzidas. A nossa universidade forma
agora em julho o profissional de número 100 mil. Essa é a balbúrdia que
produzimos”, assinalou.
O reitor do Instituto Federal do
Ceará (IFCE), Virgílio Araripe, lamentou os impactos que o bloqueio
orçamentário pode ocasionar no financiamento da instituição para 2019. “Com o
valor do nosso orçamento comprometido, só conseguimos manter e chegar com a
instituição até o final de agosto”, anunciou. Na avaliação de Virgílio Araripe,
não se pode jamais admitir a paralisação das atividades de um instituto dessa
importância.
“Temos todos os nossos cursos muito
bem avaliados, com conceitos altos nos medidores de educação, e muito
importantes para o desenvolvimento regional do nosso Estado. Em vez de
retroceder, devemos valorizar nossas instituições, pois o verdadeiro caminho
para o desenvolvimento nacional passa pela educação, ciência e tecnologia”,
enfatizou o reitor do IFCE.
O reitor da Universidade Federal do
Cariri (UFCA), Ricardo Luiz, salientou que a instituição sofreu um bloqueio de
29,4% dos seus recursos e que as consequências são muito graves. “Cortamos
todos os auxílios para pesquisadores, além de manutenção predial, de sistema de
ar-condicionado, de equipamentos dos laboratórios, que estão todos
inviabilizados. Além disso, estão inviabilizadas obras, pois pretendíamos
expandir a nossa instituição”, enumerou Ricardo Luiz.
Ainda segundo ele, um ensino
público superior de qualidade seria a saída para qualquer crise, mas, ao invés
disso, é apresentado um plano de desmonte. “Somos vistos como ameaças, quando,
na verdade, poderíamos ser a solução”, complementou o reitor da UFCA.
O reitor da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Alexandre Cunha
Costa, destacou que, assim como as demais instituições federais, a Unilab está
cumprindo a sua missão institucional, sendo um polo muito importante para o
desenvolvimento regional, sobretudo no Maciço de Baturité.
“Questiono-me e lanço esse
questionamento reflexivo sobre como seria o estado do Ceará e o Nordeste
brasileiro sem as universidades públicas aqui representadas. É difícil imaginar
isso, portanto não há como medir a dimensão da importância das universidades e
dos institutos federais para a nossa sociedade”, pontuou Alexandre Cunha.
O titular da Secretaria da Ciência,
Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece), Inácio Arruda,
salientou que o Estado tem muita responsabilidade com as universidades, porque
elas são patrimônio cearense.
“São jovens nossos nessas
instituições, gente do povo, simples e pobres. E o que querem fazer é mexer na
possibilidade de ascensão social do povo mais pobre desse País”, comentou o
secretário.
Ainda para ele, “é preciso coragem
para enfrentar o problema e falar para a sociedade sem receios, pois não há
outra forma de convencer a população brasileira sobre o valor dessas
instituições se não for pelo diálogo”.
RG/CG
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