domingo, 2 de junho de 2019

Reitores alertam para prejuízos que os cortes trarão para ensino público superior


Durante a sessão especial na Assembleia Legislativa para debater a redução de recursos destinados a instituições federais de ensino superior e à pesquisa no País, reitores de quatro instituições manifestaram preocupação com o corte nos repasses anunciados pelo Ministério da Educação. O evento, que aconteceu na manhã desta sexta-feira (31/05), no Plenário 13 de Maio, foi uma iniciativa do presidente do Poder Legislativo, deputado José Sarto (PDT), e dos deputados Queiroz Filho (PDT), Bruno Pedrosa (PP), Fernando Santana (PT) e Augusta Brito (PCdoB).


Henry Campos, reitor da da Universidade Federal do Ceará (UFC), manifestou a sua preocupação de que as medidas do Governo Federal resultem na privatização da educação superior no Brasil e no fim das universidades públicas.

Para ele, o atual Governo Federal está patrocinando uma clara campanha de desmoralização das universidades públicas, com o anúncio de cortes brutais. “É falacioso e inverdade dizer que o Brasil já gasta muito com educação superior. Outra inverdade dita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, é que toda pesquisa no Brasil é realizada por universidades privadas, quando, na realidade, 95% das pesquisas feitas no País são de universidades públicas”, apontou o reitor da UFC.

Ainda de acordo com o reitor, é imperativa a mobilização de toda a sociedade em defesa do que avalia como o maior patrimônio do Brasil, que são as universidades públicas. “Apesar de concentrarem 20% dos alunos do ensino superior do País, essas instituições respondem por mais de 90% das pesquisas produzidas. A nossa universidade forma agora em julho o profissional de número 100 mil. Essa é a balbúrdia que produzimos”, assinalou.

O reitor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Virgílio Araripe, lamentou os impactos que o bloqueio orçamentário pode ocasionar no financiamento da instituição para 2019. “Com o valor do nosso orçamento comprometido, só conseguimos manter e chegar com a instituição até o final de agosto”, anunciou. Na avaliação de Virgílio Araripe, não se pode jamais admitir a paralisação das atividades de um instituto dessa importância.

“Temos todos os nossos cursos muito bem avaliados, com conceitos altos nos medidores de educação, e muito importantes para o desenvolvimento regional do nosso Estado. Em vez de retroceder, devemos valorizar nossas instituições, pois o verdadeiro caminho para o desenvolvimento nacional passa pela educação, ciência e tecnologia”, enfatizou o reitor do IFCE.

O reitor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Ricardo Luiz, salientou que a instituição sofreu um bloqueio de 29,4% dos seus recursos e que as consequências são muito graves. “Cortamos todos os auxílios para pesquisadores, além de manutenção predial, de sistema de ar-condicionado, de equipamentos dos laboratórios, que estão todos inviabilizados. Além disso, estão inviabilizadas obras, pois pretendíamos expandir a nossa instituição”, enumerou Ricardo Luiz.

Ainda segundo ele, um ensino público superior de qualidade seria a saída para qualquer crise, mas, ao invés disso, é apresentado um plano de desmonte. “Somos vistos como ameaças, quando, na verdade, poderíamos ser a solução”, complementou o reitor da UFCA.

O reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Alexandre Cunha Costa, destacou que, assim como as demais instituições federais, a Unilab está cumprindo a sua missão institucional, sendo um polo muito importante para o desenvolvimento regional, sobretudo no Maciço de Baturité.

“Questiono-me e lanço esse questionamento reflexivo sobre como seria o estado do Ceará e o Nordeste brasileiro sem as universidades públicas aqui representadas. É difícil imaginar isso, portanto não há como medir a dimensão da importância das universidades e dos institutos federais para a nossa sociedade”, pontuou Alexandre Cunha.

O titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece), Inácio Arruda, salientou que o Estado tem muita responsabilidade com as universidades, porque elas são patrimônio cearense.

“São jovens nossos nessas instituições, gente do povo, simples e pobres. E o que querem fazer é mexer na possibilidade de ascensão social do povo mais pobre desse País”, comentou o secretário.

Ainda para ele, “é preciso coragem para enfrentar o problema e falar para a sociedade sem receios, pois não há outra forma de convencer a população brasileira sobre o valor dessas instituições se não for pelo diálogo”.

RG/CG

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