segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Consumidores pagam R$ 290 milhões de tarifa cobrada por não economizar água na Grande Fortaleza




A poucos meses de completarem quatro anos desde a implantação da tarifa de contingência, cerca de 25% dos clientes da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) em Fortaleza e Região Metropolitana (RMF) não conseguiram cumprir a meta de consumo, de janeiro a outubro de 2019. Para não pagar a taxa, clientes devem economizar em 20% o consumo médio de água.

A quantia representa, em média, 236 mil moradores da região que consumiram mais água que o esperado e tiveram que pagar o valor. A meta foi estabelecida individualmente para cada cliente, com base no histórico de consumo entre outubro de 2014 e setembro de 2015, 12 meses antes da implantação da contingência.

O gerente de concessão e regulação da Cagece, João Rodrigues Neto, explica que o período de um ano foi determinado para evitar qualquer sazonalidade. “Nós consideramos uma implantação bem-sucedida, o objetivo está sendo alcançado”, pondera. Ele ressalta a colaboração por parte da população, considerando que cerca de 75% dos clientes consumiram um volume adequado à meta neste ano.

De 2014 até o final de outubro de 2019, a média de consumo de água na RMF sofreu uma redução de 19,96%, a pouco de alcançar a meta de 20%, definida pela Cagece. Atingi-la, porém, não significa o fim da tarifa de contingência. A medida só poderá ser interrompida após o fim da situação crítica de escassez hídrica no Estado.

“Isso tem sido fundamental para que a Cagece tenha conseguido manter o abastecimento de Fortaleza sem descontinuidade, sem necessidade de fazer racionamento, mesmo com essa crise hídrica enfrentada pelo Estado nesses últimos anos”, afirma Neto.

O gerente afirma que é preciso levar em consideração que os municípios da Região Metropolitana de Fortaleza não têm manancial próprio. “A água vem de reservatórios e é transposta por canais até chegar à nossa estação de tratamento, e aqui a gente trata e distribui. Mas a cidade não tem um manancial próprio. Temos uma série de mananciais interligados que abastecem o sistema da RMF”, destaca.

Valor arrecadado
A soma da arrecadação líquida em cada município da RMF, desde a implantação da tarifa de contingência até setembro de 2019, é de R$ 290 milhões. O valor, de acordo com a Cagece, é destinado exclusivamente para ações e obras relacionadas à segurança hídrica.

Os recursos são destinados a uma conta especial, que só é movimentada com autorização das Agências Reguladoras.

Ainda conforme a Companhia, as ações realizadas com os recursos da tarifa de contingência incluem o combate às fraudes na rede de água, melhorias nos sistemas de abastecimento, implantação de um sistema de captação pressurizada na ETA Gavião, incremento nas operações e nas equipes de retirada de vazamentos, e busca e consolidação de novas fontes alternativas de água.

João Rodrigues Neto enfatiza que, naturalmente, muitas pessoas já incorporaram uma nova mentalidade e adquiriram novos hábitos de consumo. “Mesmo ao final da tarifa, muitas pessoas vão continuar consumindo menos do que antes da implantação, porque, ao longo desse período, aprenderam a usar a água com mais parcimônia, com pequenas atitudes que contribuíssem para a economia de água”.


Por G1 CE

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