A pré-estação chuvosa, que
compreende os meses de dezembro e janeiro, ainda não registrou nenhuma
precipitação no Estado até esta segunda-feira, 2, de acordo com dados da
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O quadro deve
se repetir ao menos pelos próximos três dias, período que o órgão consegue
realizar previsões do tempo.
David Ferran, meteorologista da
Funceme, comenta que na pré-estação o Ceará registra tradicionalmente uma
quantidade de chuva menor no mês de dezembro, com média de 31 milímetros (mm).
Nesse período, o principal causador das precipitações é o sistema meteorológico
Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS), assim como as frentes frias que
começam a atingir a Bahia e se direcionam para o Ceará.
A proximidade com o território
baiano faz com que a região sul do Estado, especialmente o Cariri, tenha um
maior número de registro de chuvas nesse mês. A média histórica da macrorregião
(68 mm) é quase o dobro em relação à segunda maior marca do Estado, em Ibiapaba
(34,2 mm). No ano passado, a pré-estação chuvosa ficou quase três vezes acima
da média para o Estado, com 88,7 mm de precipitação, e foi a primeira vez em
pelo menos cinco anos que o número não ficou abaixo da média.
Para a pré-estação 2019-2020, o
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe) prevê chuvas
abaixo da média. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta
precipitações dentro da normalidade.
Diferente da estação chuvosa, que
compreende os meses de fevereiro a maio, a pré-estação não tem um prognóstico
da Funceme para um período maior de tempo. Isso acontece, segundo David, porque
nessa época a dinâmica dos oceanos não influencia substancialmente nas
precipitações, análise que o órgão dispõe para fazer previsões de períodos
acima de três dias.
Situação hídrica ainda não
preocupa
A ausência de precipitações até o
momento não indica uma preocupação com a situação hídrica do Estado. Segundo o
diretor de operações da Companhia de Gestão do Recursos Hídricos (Cogerh),
Bruno Rebouças, as chuvas do segundo semestre não costumam gerar aporte nos
reservatórios cearenses. "Pode ocorrer, sim, em boas precipitações. Mas
não é uma regra", explicou.
Segundo Bruno, o Estado se
encontra em uma crise hídrica desde 2012. "A crise ainda existe e requer
atenção e cautela de quem está no campo e nos centros urbanos", afirmou.
Entretanto, uma das características é a má distribuição da chuva no tempo e no
espaço do Ceará.
Como exemplo, o diretor de
operações citou a disparidade existente entre as regiões do Médio Jaguaribe e
do Coreaú, que correspondem, respectivamente, ao menor e ao maior volume percentual
armazenado nos reservatórios.
Segundo dados do portal da
Cogerh, enquanto no Coreaú a porcentagem ocupada é de 71,38% da capacidade
total, o Médio Jaguaribe amarga apenas 3,39% de volume. É neste último que está
inserido o Castanhão, o maior açude do Estado.
Embora haja uma grande diferença
na capacidade de armazenamento das duas regiões, sendo o armazenamento do
Coreaú muito inferior ao do Médio Jaguaribe, o exemplo ilustra a discrepância
do volume de chuvas recebidas pelos dois locais.
Mesmo com estes dados, a situação
geral do abastecimento de água no Ceará é aparentemente melhor em comparação
com o ano passado. "Estamos com cerca de 15,64% (volume percentual nos
reservatórios) atualmente no Estado, enquanto no ano passado estávamos com cerca
de 11,3%. Ainda é cedo para apontar uma preocupação", concluiu Bruno
Rebouças.
O POVO
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