terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Pré-estação chuvosa ainda não registrou chuvas no Ceará; quadro deve se repetir nos próximos dias


A pré-estação chuvosa, que compreende os meses de dezembro e janeiro, ainda não registrou nenhuma precipitação no Estado até esta segunda-feira, 2, de acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O quadro deve se repetir ao menos pelos próximos três dias, período que o órgão consegue realizar previsões do tempo.

David Ferran, meteorologista da Funceme, comenta que na pré-estação o Ceará registra tradicionalmente uma quantidade de chuva menor no mês de dezembro, com média de 31 milímetros (mm). Nesse período, o principal causador das precipitações é o sistema meteorológico Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS), assim como as frentes frias que começam a atingir a Bahia e se direcionam para o Ceará.

A proximidade com o território baiano faz com que a região sul do Estado, especialmente o Cariri, tenha um maior número de registro de chuvas nesse mês. A média histórica da macrorregião (68 mm) é quase o dobro em relação à segunda maior marca do Estado, em Ibiapaba (34,2 mm). No ano passado, a pré-estação chuvosa ficou quase três vezes acima da média para o Estado, com 88,7 mm de precipitação, e foi a primeira vez em pelo menos cinco anos que o número não ficou abaixo da média.

Para a pré-estação 2019-2020, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe) prevê chuvas abaixo da média. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta precipitações dentro da normalidade.

Diferente da estação chuvosa, que compreende os meses de fevereiro a maio, a pré-estação não tem um prognóstico da Funceme para um período maior de tempo. Isso acontece, segundo David, porque nessa época a dinâmica dos oceanos não influencia substancialmente nas precipitações, análise que o órgão dispõe para fazer previsões de períodos acima de três dias.

Situação hídrica ainda não preocupa

A ausência de precipitações até o momento não indica uma preocupação com a situação hídrica do Estado. Segundo o diretor de operações da Companhia de Gestão do Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, as chuvas do segundo semestre não costumam gerar aporte nos reservatórios cearenses. "Pode ocorrer, sim, em boas precipitações. Mas não é uma regra", explicou.

Segundo Bruno, o Estado se encontra em uma crise hídrica desde 2012. "A crise ainda existe e requer atenção e cautela de quem está no campo e nos centros urbanos", afirmou. Entretanto, uma das características é a má distribuição da chuva no tempo e no espaço do Ceará.

Como exemplo, o diretor de operações citou a disparidade existente entre as regiões do Médio Jaguaribe e do Coreaú, que correspondem, respectivamente, ao menor e ao maior volume percentual armazenado nos reservatórios.

Segundo dados do portal da Cogerh, enquanto no Coreaú a porcentagem ocupada é de 71,38% da capacidade total, o Médio Jaguaribe amarga apenas 3,39% de volume. É neste último que está inserido o Castanhão, o maior açude do Estado.

Embora haja uma grande diferença na capacidade de armazenamento das duas regiões, sendo o armazenamento do Coreaú muito inferior ao do Médio Jaguaribe, o exemplo ilustra a discrepância do volume de chuvas recebidas pelos dois locais.

Mesmo com estes dados, a situação geral do abastecimento de água no Ceará é aparentemente melhor em comparação com o ano passado. "Estamos com cerca de 15,64% (volume percentual nos reservatórios) atualmente no Estado, enquanto no ano passado estávamos com cerca de 11,3%. Ainda é cedo para apontar uma preocupação", concluiu Bruno Rebouças.

 O POVO

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