terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Ceará registra quase 1.500 mortes de crianças de até 1 ano de idade em 2019



O Ceará reduziu a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) de 13,2 óbitos por mil nascidos vivos, em 2017, para 12 mortes por mil nascidos vivos, em 2018. O índice, porém, voltou a crescer em 2019, passando para 12,3 óbitos, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Em números absolutos, no entanto, foram 1.494 mortes no último ano, quase cem óbitos a menos que no mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 1.572 mortes infantis, ou seja, de crianças com menos de 1 ano de idade.

Como a TMI corresponde a razão entre o número de óbitos infantis e a quantidade de nascidos vivos no Estado multiplicado por mil, o índice aumentou mesmo com redução no número de óbitos. “Mesmo assim, o Ceará segue uma tendência de diminuição da mortalidade infantil”, classifica Thaís Nogueira Facó, coordenadora de Atenção à Saúde da Sesa. Ela ressalta que, para isso, o Estado prioriza a atenção básica e realiza “ações de monitoramento, fortalecimento da rede de saúde materna e infantil, desenvolvimento do Programa Nascer no Ceará, dentre outras ações.”

Em 2019, a Sesa pactuou o Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 para estabelecer as diretrizes e ações para o Estado nos próximos três anos. O documento colocou como meta uma TMI de 10,9 para mil nascidos vivos - hoje, a taxa do Estado é de 12,3. “Passamos por um processo de reestruturação da Secretaria de Saúde, onde a regionalização está sendo organizada. Nos planejamentos regionais temos priorizado a rede de saúde materna e infantil com base na regionalização e temos boas expectativas”, pondera Thaís Nogueira.

Municípios
O Plano tem como foco as ações básicas desenvolvidas nos municípios. Para a especialista em saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Tati Andrade, em relação à mortalidade infantil, “existem mortes que são mais facilmente evitáveis, como as causadas por diarreia, por doenças que podem ser prevenidas com a vacinação.” Por isso, é necessário que as Prefeituras, responsáveis pelas ações básicas de saúde, forneçam “assistência não só no pré-natal, mas na hora do parto e nos primeiros meses da criança”, cobra a especialista.

Piores e melhores índices
Em 2019, os municípios que registraram os piores índices foram:

Ererê (166.7)
Ararendá (43.2)
Mulungu (33.6)
Aratuba (29,4)
Tururu (29,4)
Parambu (28,4)
Palhano (28)
Tejuçuoca (27,9)
Meruoca (27,5)
Banabuiú (27,1)

Já o melhores indicadores foram observados em:

Aracati (1,1)
Cruz (2,2)
Mombaça (2,2)
Jardim (2,5)
Paraipaba (2,5)
Aurora (3,5)
Ocara (3,8)
Varjota (4,0)
Várzea Alegre (4,1)
Cariré (4,3)

O G1 tentou contato com as Prefeituras das cidades com piores indicadores e aguarda resposta.

Aracati
No caso de Aracati, cidade com melhor indicador, o foco na atenção primária e investimento na formação técnica dos profissionais foram apontados como fatores responsáveis pela diminuição do índice. “Realizamos reuniões de planejamento com coordenadores, oficinas com gestantes, atividades de educação em saúde, educação permanente dos profissionais da Atenção Primária em Saúde e da Maternidade” destaca a Pasta, que ressalta, ainda, que equipou o Hospital e Maternidade Santa Luísa de Marillac com incubadora de transporte, berço aquecido, respirador, camas PPP (pré-parto, parto e pós-parto) e bomba de infusão.

O município saiu de 12,1 óbitos por mil nascidos vivos, em 2017, para 9,5 em 2018 e apenas 1,1 mortes para cada mil crianças nascidas vivas em 2019. Para este ano, a Secretaria de Saúde de Aracati espera credenciar o berçário neonatal no Hospital e Maternidade Santa Luísa de Marillac e dar prosseguimento às ações consolidadas.

Cruz
Já em Cruz, que registrou o segundo melhor indicador no ano passado, a melhora se deu pelas ações voltadas principalmente ao combate à infecção urinária. “Foi através de um olhar cuidadoso que relacionamos a infecção urinária em gestantes a maioria dos óbitos notificados”, explica Evaldo Eufrásio de Vasconcelos, secretário municipal de Saúde de Cruz. A Pasta garantiu a oferta de exames laboratoriais, como sorologia e urinocultura com antibiograma.

Taxa de Mortalidade Infantil
2015: 12,1 (óbitos: 1.598; nascidos vivos: 132.516)
2016: 12,6 (óbitos: 1.596; nascidos vivos: 126.246)
2017: 13,2 (óbitos: 1.688; nascidos vivos: 127.797)
2018*: 12,0 (óbitos: 1.572; nascidos vivos: 131.065)
2019*: 12,3 (óbitos: 1.494; nascidos vivos: 121.858)
*Números sujeitos a atualizações.


Por Rodrigo Rodrigues, G1CE

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