segunda-feira, 30 de março de 2020

Cachoeira no interior do Ceará ganha fortes quedas d'água após chuvas; água segue para o Castanhão



Um dos cartões-postais da região do Cariri, no Ceará, a Cachoeira de Missão Velha, no município homônimo, mudou sua paisagem após as fortes chuvas que caíram na última semana. Formado pela confluência de riachos e rios, o lugar apresenta quedas d’água de aproximadamente 12 metros de altura. O recurso hídrico, que forma o rio Salgado, contribui com o aporte do açude Castanhão, que atualmente está com 9,12% de sua capacidade e é o principal reservatório de abastecimento da capital, Fortaleza.

Com sub-bacia presente no território de 24 municípios das regiões do Cariri e Centro-Sul, o rio Salgado é o principal afluente do rio Jaguaribe. “Mais de 60% da água acumulada do Castanhão é da bacia do Salgado”, garante o geólogo e ex-presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Yarley Brito

O açude Castanhão está próximo de alcançar seu melhor volume nos últimos quatro anos, desde os 9,94%, em abril de 2016. Hoje, o maior reservatório do estado está com 9,12% de sua capacidade. Neste mês de março, teve um aporte de 94 milhões de metros cúbicos de água — 39,5 milhões apenas entre a última sexta-feira e o último sábado (28).

Mesmo faltando dois dias para acabar o mês março, já choveu acima da média nos quatro principais municípios que formam as águas que caem na Cachoeira de Missão Velha. Em Crato, foram 439 milímetros, até a publicação desta reportagem, o que representa 78,8% acima de sua média (245,6 mm), enquanto em Juazeiro do Norte, registrou 430 milímetros, número 81% acima (237,5 mm).

Já em Barbalha choveu, até o dia 28 deste mês, 377,7 milímetros, ou seja, 49,6% acima de média mensal. Por fim, em Missão Velha, nestes 29 dias de março o volume das precipitações é mais que o dobro para o período: 123,9%. O acúmulo é de 532,2 milímetros, enquanto a média é de 237,7 milímetros.

Turismo
A Cachoeira de Missão Velha foi ponto de instalação das primeiras “missões” jesuítas na região do Cariri, no final do século XVII. As principais delas foram no sítio Cachoeira e de São José, onde formou o município de Missão Velha. Tida como local sagrado, as quedas d’água serviram de local de cerimônias dos povos indígenas.

Hoje, a cachoeira é um dos nove geossítios que compõe o Geopark Araripe, território da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além da bela paisagem, apresenta aspectos geológicos interessantes, como a sua rocha sedimentar de arenito da formação Cariri, com aproximadamente 420 milhões de anos. A estrutura também preserva icnofósseis, vestígios da atividade vital de antigos organismos, neste caso, invertebrados aquáticos.

O local também conta com uma trilha com 1,9 quilômetro de extensão, de nível moderado, até uma casa de pedra no Sítio Emboscada. Alguns pesquisadores acreditam que esta foi uma das primeiras edificações erguidas pelos portugueses na região, construída no início do século XVIII. O atual geossítio também é citado como ponto de encontro entre cangaceiros no início do século XX.


Por Antônio Rodrigues, G1 CE

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