sexta-feira, 6 de março de 2020

Casos suspeitos de coronavírus mudam rotinas em igrejas de Fortaleza


A confirmação de casos de coronavírus no Brasil, com 14 suspeitas em investigação no Ceará, fez igrejas da cidade adotarem medidas e alterarem rotinas de orações durante as celebrações cotidianas. Os padres e responsáveis pelas Igrejas da capital vêm orientando fiéis a evitar contatos físicos em orações e momentos de interações tradicionais com os sacerdotes.

De acordo com o padre Ivan de Souza, da Igreja de Fátima, localizada na Avenida 13 de Maio, alguns cuidados têm sido tomados, como a indicação de que não se abrace durante os cumprimentos da paz nem se receba a hóstia diretamente na boca. Conforme ele, tais medidas já haviam sido adotadas pela Igreja anteriormente, durante a epidemia de H1N1, em 2009. "Agora retomamos essas orientações", destaca.

Na tarde de quarta-feira (4), a reportagem do Sistema Verdes Mares acompanhou uma missa no local e pôde confirmar que as medidas estão sendo cumpridas pelos religiosos, que evitaram contatos físicos durante toda a missa. O pároco assegura que essas orientações são acatadas "de modo tranquilo" pelos frequentadores da igreja que, em missas lotadas, chega a receber entre 300 e 900 pessoas.

O arcebispo dom José Antônio Tosi ainda não deu qualquer orientação a respeito do assunto. Com isso, cabe às paróquias tomarem as providência, explica padre Ivan.

Na Catedral de Fortaleza e na Igreja do Rosário, ambas localizadas no centro de Fortaleza, o padre Clairton Alexandre, responsável pelas duas unidades, afirmou que “ainda não foi adotada nenhuma medida”.

Frequentadora do Santuário Sagrado Coração de Jesus, Luisa Cruz de Oliveira, de 62 anos, afirmou que qualquer medida de precaução deve ser bem-vinda e aceita pelos fiéis. “Seja lá em qual ambiente for, toda medida preventiva é positiva”.

“Eu não deixei de ir para lugar nenhum por causa disso [do coronavírus]. O que tem que se fazer é acatar as medidas de prevenção que as secretarias de saúde pública e que o ministério estão propagando. Eu acho que não precisa entrar em pânico. Obedeça o que os órgãos competentes orientam”, destaca.

O frei Francisco Edson, da paróquia Nossa Senhora das Dores, localizada na Av. Bezerra de Menezes, disse que “nenhuma medida preventiva foi tomada no local ainda porque estamos esperando o direcionamento da Arquidiocese”. Contudo, o franciscano acredita que as orientações serão para, justamente, evitar o contato físico direto entre os religiosos.

Cuidados anteriores

Na paróquia São Vicente de Paulo, no Bairro Dionísio Torres, as medidas de prevenção já eram hábito mesmo antes de o coronavírus chegar ao Brasil, segundo a assistente financeira do local, Olívia Aguiar. “Na igreja estão distribuídos pontos de álcool gel e, nos banheiros, sempre há sabão e toalhas limpas”, diz. Durante a realização das missas, Olívia afirma que já eram evitados os contatos físicos com pessoas desconhecidas, seja no momento das orações ou no “Abraço da Paz”.

“Todas essas medidas já eram hábito. Por causa desse vírus, o padre Raimundo Neto reforçou a parte da paz, para evitar pegar na mão do outro. Evitar. Não é uma regra, nem obrigatório, porque aqui ele não impõe nada, só dá os conselhos”, afirma Olívia.
Do mesmo modo, a Igreja São Gerardo, localizada na Avenida Bezerra de Menezes, também tomou providências de prevenção antes da suspeita de circulação do novo coronavírus. De acordo com informações da secretaria do local, “desde o surto de H1N1 em Fortaleza, já não tem mais contato entre os fiéis. Eles não dão as mãos em nenhum momento e o padre procura não dar a hóstia diretamente na boca" dos frequentadores.


Por Beatriz Rabelo, Sabrina Souza e Thatiany Nascimento, G1 CE

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