segunda-feira, 2 de março de 2020

Média de técnicos no Brasil é de seis meses; Ceará é o que mais troca



O futebol brasileiro é conhecido mundialmente por sua frenética máquina de fritar técnicos de futebol, com mudanças de comando na primeira série de resultados negativos.

É a conhecida dança da cadeiras dos treinadores, tornando um emprego bastante estável e suscetível à pressão de torcidas e humor dos dirigentes. Este ano por exemplo, só em clubes de Série A, ocorreram mudanças em 5 clubes: Ceará (Argel Fucks por Enderson Moreira), Atlético/MG (com a saída de Rafael Dudamel), Sport (Guto Ferreira por Daniel Paulista) e Botafogo (Alberto Valentim por Paulo Autuori) e Atlético/GO (com a saída de Cristovão Borges), mostrando que a troca de treinador pode ocorrer com o mínimo de tempo de trabalho, com apenas dois meses de jogos oficiais.

De acordo com a Pluri Consultoria, o prazo de validade do treinador brasileiro é de seis meses. Os 20 maiores clubes brasileiros utilizaram, em média, dois treinadores por temporada. Trata-se de um prazo apenas um pouco superior ao que a legislação trabalhista define como "Período de Experiência".

De acordo com o relatório da Pluri, os 20 clubes utilizaram, em média, 18,7 treinadores nos últimos 10 anos. O dado é equivalente a uma troca de comando por semestre, ou dois treinadores por ano.

Com uma amostra de 2009 até 2019, o Ceará, com 29 trocas, lidera o ranking dos clubes analisados neste estudo, seguido por Sport e Vitória, cada um com 26 trocas.

Os clubes que menos trocaram de treinadores são Corinthians e Grêmio, com 11 cada, não coincidentemente, dois dos times mais vencedores da década.

NO VOVÔ

Pelo alto número de trocas, o Ceará é a agremiação em que o treinador dura menos tempo no cargo, média de apenas quatro meses, enquanto o Corinthians é o time em que o treinador dura mais tempo no cargo (12,7 meses).

No caso do Vozão, é como se trocasse três vezes de técnico por ano. Um em abril, após o Estadual, outro em agosto no returno da Série A, e ó último encerrando o ano.

Em 2019 por exemplo, foram quatro treinadores no Alvinegro: Lisca (até abril), Enderson Moreira (de abril a outubro), Adílson Batista (de outubro a novembro), e Argel Fucks (novembro e dezembro).

O ano em que o Vozão mais teve treinadores no comando foi 2015, com cinco técnicos: (Dado Cavalcante, Silas, Marcelo Cabo, Geninho e Lisca). No período de 10 anos, Sérgio Soares foi o mais longevo (14 meses) e Jorginho de saída mais precoce (14 dias).

NO LEÃO
Na lista da Pluri também está o Fortaleza, com o clube sendo o 7º da lista, com 22 trocas, média de 4,9 meses para cada treinador.

A média do time leonino reduziu sensivelmente com a chegada de Rogério Ceni, que ficou 21 meses no cargo até acertar com o Cruzeiro, clube no qual durou apenas dois meses antes de retornar ao Leão.

A chegada de Ceni reverteu um cenário de mudanças constantes de técnicos em anos de crise na Série C (2010-2017). Em 2011, quando o Leão lutou contra o rebaixamento para a Série D, cinco técnicos foram utilizados: Flávio Araújo (até abril), Ferdinando Teixeira (até julho), Arthur Bernardes (até agosto), Ademir Fonseca (seis dias) e Júlio Araújo (até setembro).

O técnico que durou menos no Leão foi Ademir Fonseca, com incríveis seis dias, quando ficou no cargo de 29/08/2011 a 04/09/2011, treinando o clube uma semana durante a Série C, mas deixando o Tricolor após receber proposta do Goiás.

Analisando os nomes dos "professores" que passaram por Vovô e Leão de 2009/2019, em compilação do GloboEsporte.Com, é possível verificar os técnicos que mais trabalharam. Nos últimos 10 anos, Dimas Filgueiras treinou o Ceará em 5 oportunidades, com PC Gusmão treinando em quatro. Outros treinadores foram contratados para mais uma passagem: Lisca, Estevam Soares e Sérgio Soares, todos duas vezes. No Fortaleza, Nedo Xavier, Flávio Araújo, Marquinhos Santos, Marcelo Chamusca, trabalharam duas vezes no Leão em um período de 10 anos.

O estudo realizado pela Pluri também traz algumas curiosidades sobre essas mudanças. Agosto e setembro concentram 23,3% das trocas de treinadores ao longo do ano e coincidem justamente com os jogos da metade da tabela do Campeonato Brasileiro, quando os clubes percebem, de fato, pelo que vão brigar até o fim da competição.

Apenas quatro meses dão um pouco mais de estabilidade aos técnicos durante o ano: fevereiro, março, outubro e novembro, quando a rotatividade é 43% menor.

NA MESMA
Os clubes tinham uma grande oportunidade de mudar o panorama de trocas desenfreadas de treinadores. Na quinta-feira, na reunião na Confederação Brasileira de Futebol sobre as diretrizes do Campeonato Brasileiro, foi proposto o limite de troca de técnicos na edição do Brasileirão 2020. Os clubes rejeitaram a discussão por entenderem que se trataria de ingerência da CBF na administração interna.

Pelo alto número de trocas, o Ceará é o clube em que o treinador dura menos tempo no cargo, média de apenas 4 meses, enquanto o Corinthians é o clube em que o treinador dura mais tempo (12,7 meses).



Por: Diário do Nordeste

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