sábado, 14 de março de 2020

Taxa de letalidade do Sars-Cov-2 é maior que a da gripe, mas é a menor da família coronavírus; veja comparativos



O novo coronavírus apresentava uma taxa média de letalidade de 3,6% até esta quinta-feira (12). Na China, 3,9%, e, fora dela, 3,2%. A variação entre países pode ir de 0% a 6,6%, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O vírus até agora mata mais que o da gripe (Influenza), mas menos do que o de outros integrantes da família coronavírus (Sars e Mers). Os especialistas entrevistados pelo G1 dizem que ainda é cedo para cravar um número sobre a letalidade da doença Covid-19.

Letalidade por doença
  • Coronavírus Sars-Cov-2: média de 3,6% desde dezembro
  • Mers: 34%
  • Sars: 10%
  • Gripe (Influenza, como H1N1 e outras gripes comuns): de 0,01% a 0,08%
  • Sarampo: 1,42% em 2019 no mundo
  • Ebola: de 25% a 90%; na República Democrática do Congo, 65% no último ano


O que sabemos sobre a letalidade do coronavírus:
  • A taxa de letalidade entre idosos acima de 80 anos pode passar de 15%
  • No caso dos jovens, a taxa é menor de 0,5%
  • Na Itália, o número de mortos é alto (veja gráfico abaixo). A pirâmide etária do país provavelmente influencia no número, já que é um país com muitos idosos
  • É maior que o da gripe e do sarampo
  • É menor do que o do Ebola, da Sars e da Mers
A taxa de letalidade de uma doença é influenciada pela pirâmide etária do país, qualidade do atendimento à saúde, características do vírus, quantidade de leitos e até estratégias de combate estabelecidas pelo governo. Até esta quinta-feira, 118 países tinham confirmado casos do coronavírus. Os índices podem variar bastante, de acordo com a infectologista Nancy Bellei, consultora para a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professora na Unifesp.

O H1N1, última pandemia declarada pela OMS antes do coronavírus, também demorou para determinar uma taxa de mortalidade: de 0,01% a 0,08%. Bellei diz que existia essa variação, mas como é um vírus que mata menos e tinha uma medicação, o tamiflu, as diferenças não foram tão significativas entre países.

Bellei afirma que no Brasil a situação do coronavírus ainda é muito inicial. Segundo ela, é possível aprender com os erros do país no combate ao H1N1. Um dos esforços deverá ser em garantir a internação dos pacientes em risco para não ter uma sobrecarga no atendimento por pessoas que não têm necessidade.

De acordo com Leonardo Weissmann, médico infectologista, o novo coronavírus também é mais contagioso do que a Influenza, que inclui o H1N1. Ele diz que as taxas entre os vírus da gripe são parecidas, muito ligadas à vacinação da população e às mutações genéticas que ocorrem a cada ano.

Segundo o médico, tanto a taxa de letalidade quanto a de transmissão da Influenza é parecida. Uma coincidência entre os dois vírus respiratórios é que a disseminação começou durante o inverno e no Sudeste do país. São Paulo também deve ser o estado mais afetado pelo coronavírus, assim como foi no caso do H1N1.

Sarampo, ebola e família coronavírus
No caso do sarampo, uma estimativa da OMS aponta 10 milhões de casos e 142 mil mortes no ano passado, uma taxa de letalidade perto de 1,42% no mundo. Apesar de matar menos do que a família coronavírus, o sarampo tem uma capacidade muito maior de transmissão: enquanto uma pessoa com coronavírus Sars-Cov-2 pode infectar até 3 pessoas, de acordo com Weissmann, um paciente com sarampo pode atingir até 18. Além disso, a doença tem um público de risco oposto ao do coronavírus: atinge principalmente as crianças, enquanto o novo vírus atinge principalmente idosos.

Ao analisar a taxa de letalidade da Mers (síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio), Bellei avalia que o alto número de mortes em comparação com o total está mais relacionado às características próprias do vírus, não tanto com o atendimento à saúde. O Sars, que também atingiu a China, também tem uma taxa superior à do novo coronavírus. Os três são da mesma família.


A letalidade da Mers na Arábia Saudita, um dos países com mais recursos de saúde do Oriente Médio, foi ainda mais alta do que a média: chegou a 37%.

Já entre os vírus que circulam em epidemias mais frequentes no mundo, o Ebola é um dos que tem a taxa mais alta: varia de 25% a 90%. De março de 2019 a março de 2020, a República Democrática do Congo perdeu, em média, 65% dos cidadãos que contraíram a doença.

Bellei informa que apesar de alguns países da África terem um sistema de saúde inefetivo, houve um esforço da OMS e a alta taxa está mais relacionada à força do vírus. O Ebola é um vírus mais mortífero.



Por Carolina Dantas, G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário