terça-feira, 12 de maio de 2020

Pesquisa aponta bairros de maior vulnerabilidade à Covid-19 no Ceará



Com intuito de minimizar os impactos da pandemia da Covid-19 no interior do Ceará, as universidades têm direcionado seus profissionais a pesquisas. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), e campus de Juazeiro do Norte, está mapeando as regiões com maior vulnerabilidade da doença na região. Trabalho semelhante é realizado pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção, no Maciço do Baturité.

O grupo de pesquisa de Mecânica dos Solos, Pavimentação e Geotecnologias (LMS&P), do IFCE, está mapeando os bairros de maior vulnerabilidade à covid-19 em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, municípios que somam 460 mil habitantes.

Iniciada neste mês de abril, o estudo busca desenvolveu um índice a partir de datos socioeconômicos e demográfico, que poderá apontar quais áreas terão maiores impactos com a doença.


Os indicadores utilizados são:

  • distribuição de renda;
  • pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza;
  • densidade populacional;
  • domicílios sem abastecimento de água e banheiro;
  • ausência de infraestrutura urbana;
  • e densidade domiciliar.


Com estas informações, foi criada o Índice de Vulnerabilidade Epidêmica Potencial (IVEP).

O professor e coordenador do trabalho, Antonio Ribeiro, explica que este índice de vulnerabilidade surge a partir de uma variável que utiliza dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de informações do Estado e das próprias prefeituras. “Selecionamos as variáveis que a gente entende que são importantes”, explica.

Maior cidade do interior do Ceará, em Juazeiro do Norte, os bairros Frei Damião e João Cabral apresentam um índice classificado como "Muito alto". Já em Crato, este mesmo resultado aparece no sítio Barro Branco, no bairro França Alencar e nos distritos de Monte Alverne e Santa Fé. Por último, em Barbalha, preocupa o distrito de Caldas e o bairro Mata dos Limas.

O mesmo grupo de pesquisa divulga, semanalmente, a evolução da doença por meio de mapas de densidade de pontos dos casos confirmados, suspeitos e notificados. O resultado é apresentado toda quinta-feira. “É uma contribuição importante que vai mostrar a incidência da doença. Se a pessoa vê seu bairro com incidência maior, tem um alerta. Pode escolher ficar em casa”, exemplifica o professor.

O professor Antonio Ribeiro acredita que os resultados da pesquisa ajudarão o poder público e as pessoas a tomarem decisões. “Isso é uma ferramenta. A gente mostra: ‘Aqui está o problema. É onde temos que atacar’”, acredita o pesquisador.

Risco na periferia

Já em Redenção, a 70 quilômetros de Fortaleza, segundo o mapeamento do grupo de pesquisa e extensão “Diálogos Urbanos”, da Unilab, cerca de 66% das áreas da cidade são periféricas, consideradas mais vulneráveis à Covid-19.

O levantamento considera seis variáveis: densidade demográfica acima da média; número de moradores sem abastecimento de água; concentração de pessoas acima de 60 anos; alta circulação e aglomeração de pessoas; concentração de moradias estudantis; e centralidades e periferias.

O objetivo da pesquisa, segundo o coordenador do grupo de pesquisa, professor Eduardo Gomes Machado, é estimular e fundamentar ações da universidade, da sociedade civil e da sociedade política, buscando evitar e minimizar o espalhamento do novo coronavírus. “A ideia é que a pesquisa possa ser aplicada em outros municípios pequenos”, pontua.


Por Antonio Rodrigues, G1 CE

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