Dos 69
casos, 13 foram nos últimos dias de março, 30 em abril e 26 em maio.
Em
pouco mais de dois meses desde o início da quarentena no Ceará, pelo menos, 69
crianças e adolescentes foram assassinados. O dado compreende de 20 de março de
2020 até o último dia 27 de maio. Comparado a igual período de 2019, houve
aumento de 165% no número de vítimas menores de idade. O Comitê Cearense pela
Prevenção e Combate à Violência considera que o Ceará está sob duas epidemias:
a do coronavírus e a dos homicídios.
O
espaço de tempo analisado é referente ao decreto da quarentena no estado devido
à Covid-19. O relator do Comitê, Renato Roseno, destaca ser preocupante que nem
mesmo em período de isolamento social não tenha havido uma baixa no número de
Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs).
Dos 69
casos, 13 foram nos últimos dias de março, 30 em abril e 26 em maio, referente
ao dado parcial desse mês, conforme estatísticas disponibilizadas pela
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE).
Conflitos
A
SSPDS afirmou por nota que o crescimento nos CVLIs em todos os estados do
Brasil é em razão do acirramento entre organizações criminosas rivais. Com o
conflito entre células desses grupos no Ceará, a SSPDS diz reorganizar a
atuação e realizar trabalhos de inteligência que culminem na desarticulação dos
grupos. Dentre as medidas, a secretaria ressalta o investimento feito em
tecnologias aplicadas à segurança pública e as ações preventivas baseadas em
doutrinas do policiamento comunitário.
Conforme
Renato Roseno, o Comitê avalia que essas mortes estão relacionadas à causas
estruturais, como exclusão social: "Há essa observação da redução da faixa
etária das vítimas. As mortes de adolescentes, muitas vezes, estão vinculadas à
disputa das facções. É a situação do jovem negro, da periferia, excluído. É o
mais vulnerabilizado pela violência letal. Nós entendemos que o enfrentamento a
essa violência é, sobretudo, com ações de prevenção, mediação de conflitos,
cultura, inteligência policial e combate ao tráfico de armas".
A
SSPDS ressaltou que junto ao Governo do Ceará age sob o pilar que as ações de
prevenção social são imprescindíveis e devem ocorrer em paralelo ao trabalho
desenvolvido pela polícia. A secretaria citou como exemplo de ação a ampliação
do tempo integral na rede estadual de ensino. "Em 2020, 277 das 728
escolas oferecem o tempo integral, o que representa 38% da rede com a jornada
prolongada", disseram.
Por G1
CE
Nenhum comentário:
Postar um comentário