sexta-feira, 19 de junho de 2020

Ceará registra 2.384 casamentos civis durante a quarentena, três vezes menos do que 2019




Quando o governador Camilo Santana decretou as medidas de isolamento social no Ceará, em 19 de março, o casal de professores Saulo Edieno, 27, e Morgana Duarte, 29, precisou refazer alguns planos. "A gente iria casar no civil naquele mesmo dia", relembra Saulo. Por causa da quarentena, o casamento precisou ser adiado e acabou acontecendo às pressas nesta quarta-feira (17).

Ele e a agora esposa, Morgana, estão entre os 308 casais que oficializaram a união em junho deste ano, durante a pandemia de Covid-19. Ao todo, desde o início da quarentena, 2.384 casais se casaram no Ceará. O número total é três vezes menor do que o registrado no mesmo período em 2019, quando foram 7.666 casamentos no estado. Os dados foram retirados nesta quinta-feira (18) da plataforma de Transparência do Registro Civil, mantida pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN).

A redução no índice de casamentos é de cerca de 69%, quando comparados os acumulados em cada ano. Em março, quando o distanciamento social começou no Ceará, a redução foi menos evidente. Em 2020, foram 1.123 cerimônias contra 1.796 no ano passado.

Contudo, em abril, com o aumento da rigidez no estado, a queda na taxa de casamentos civis despencou. Este ano a quantidade de casamentos bateu os 403 registros — quase cinco vezes menor do que em 2019, quando 1.773 casamentos foram realizados.

Em maio, tradicionalmente conhecido como o mês das noivas no Brasil, a redução foi mais evidente. Entre os dia 1° e 31 do mês neste ano, foram 548 cerimônias consagradas, bem diferente da quantia de 2019, quando 2.158 casais assinaram a certidão de casamento civil.

Guilherme Araripe, diretor de tecnologias da Associação Cearense de Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN-CE), Guilherme Araripe, conta que a redução no horários de funcionamento dos cartórios é uma das causas da queda. “Com a pandemia, o Tribunal de Justiça determinou que os atendimentos presenciais fossem interrompidos, salvo em casos urgentes. Funcionamos em regime de plantão, atendendo em horários reduzidos”, explica.

Os casos com urgência foram priorizados para evitar o fluxo no cartório. “Alguns têm urgência de casar para acrescentar o marido ou a mulher no plano de saúde. Outros, estão com o filho prestes a nascer e querem casar antes do nascimento”, aponta Guilherme.

Além disso, outro ponto para a redução seria a resistência dos noivos em oficializar a união durante a pandemia. “Percebemos isso, na nossa rotina. Muitos casais estavam com medo de ir ao cartório, com medo de se infectar. Muitos estavam com recepção marcada, com bufê pronto após o civil, e aí, resolveram adiar tudo”, explica o diretor.

Tempo certo

“Foi tudo ‘nas carreiras’”, brinca Saulo. “Na sexta passada a gente recebeu a ligação do cartório informando que nossa documentação tava perto de vencer e que tinha que casar logo. Aí, foi tudo nas pressas. Ligamos para o pessoal, nos organizamos. Foi todo mundo daquele jeito, de máscara”, recorda. O casal oficializou a relação no Cartório Jereissati, localizado no Centro de Fortaleza.

A ida ao local também precisou de adaptações sanitárias. “Fomos nós dois com as duas testemunhas para o cartório, com muito álcool em gel e todo mundo mascarado”, relembra. Lá, a rapidez foi essencial para não atrasar as cerimônias de outros. “Passamos menos de 15 minutos lá dentro, contando com o registro e com o casamento. A juíza perguntou ‘Quer casar, Saulo? Tem certeza’, e eu disse sim. Aí, fez a mesma pergunta para a Morgana e ela também disse sim. Depois, foi foto e saímos correndo”, diverte-se o professor.

Esse registro do “sim” precisou passar por improviso. Com as recomendações de distanciamento, o cartório, só permitiu a entrada do casal e das testemunhas. O fotógrafo precisou ficar de fora do estabelecimento. Aí, valeu a força dos amigos para a data não passar batida — até a juíza ajudou. “Foram eles dois que bateram nossas fotos. Aí, quando precisou bater uma foto de nós quatro, quem tirou foi a própria juíza”, se diverte Saulo.

A partir de agora Saulo e Morgana se organizam para a cerimônia religiosa, que deve acontecer no dia 7 de janeiro do próximo ano. “Nós já tivemos a benção dos homens, é hora agora da benção de Deus”, acredita.

De lição, ambos tiram que “era para ser assim”. Apesar das adaptações, pouco se modificou no sentimento de união. “A gente tava nervoso, tinha tanta expectativa de como seria. Mas no final não importa se em quarentena ou não; agora ela é minha esposa. E essa é a minha maior felicidade. Estamos juntos e posso olhar para ela e dizer que a gente tá junto e casado”, avalia o professor.

Fonte: G1 CE

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