quinta-feira, 23 de julho de 2020

Após 73 de internação do bebê, mãe recuperada de Covid-19 acolhe filho nos braços pela primeira vez no Ceará



A pandemia do novo coronavírus trouxe consigo um novo desafio para os relacionamentos intepessoais. Em Fortaleza não foi diferente: o isolamento social tornou-se medida essencial para conter a transmissão da doença. Para Maryane da Rocha Santos, de 31, tal restrição foi ainda mais radical. Diagnosticada com Covid-19 ainda gestante, passou por uma cesariana em 8 de maio, inconsciente pela gravidade da doença, e só pode tocar no pequeno José Bernardo pela primeira vez nesta terça-feira (21), depois de 73 dias do parto.

Considerado prematuro extremo, José Bernardo precisou vir ao mundo depois de uma decisão médica para salvar a vida do bebê.

Maryanne foi internada no Hospital Geral Dr. César Cals, na capital cearense, onde complicações a levaram a uma parada cardiorrespiratória, sendo necessário que entrasse em coma induzido. Os médicos, então, decidiram pela cesariana na própria UTI, na tentativa de preservar a vida da criança.

José Bernardo veio ao mundo medindo 40 centímetros e pesando 1,395 kg. Dez dias depois de entrar em coma, Maryanne lembra da primeira reação ao recobrar os sentidos.

"A primeira coisa que eu falei quando eu acordei foi 'cadê meu bebê?' Uma enfermeira me atendeu e disse que ele estava bem, que tinha nascido prematuro naquele hospital e foi me confortando", conta.

Em 22 de maio, Maryane voltou para casa, mas José Bernardo ainda precisou permanecer na UTI neonatal e na unidade de médio risco do hospital, onde teve o suporte que precisava para o desenvolvimento. “Por conta da distância dos pais, a gente cria mais laços. Procuramos transferir para os bebês esse cuidado”, afirma a pediatra Willzni Sales Rios, que acompanhou a criança durante sua internação.

A mãe, entretanto, estava impossibilitada de visitar o próprio filho, já que as visitas no hospital foram interrompidas devido à pandemia. A distância, contudo, era amenizada pela equipe de Acolhimento e Comunicação Neonatal do hospital, que permaneceram enviando imagens, vídeos e informações sobre o estado clínico do bebê à família.

"Procuramos amenizar a distância para contribuir na formação dos laços afetivos dos pais com o bebê, manter o apoio psicológico aos familiares, permitindo o acompanhamento do desenvolvimento da criança”, esclarece a psicóloga Eleonora Pereira.

Agora, José Bernardo terá a oportunidade de reafirmar os laços com a própria mãe, depois dos 73 dias no hospital. "É como se eu tivesse tido ele agora. Não tem como descrever. É Deus", conclui Maryane.


Por G1 CE

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