segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Impunidade: Dupla suspeita da morte de coroinha em Fortaleza tinha sido solta um dia antes e usava tornozeleira eletrônica



Dois homens presos sob suspeita de participarem da morte do coroinha Jefferson de Brito, de 14 anos, estavam em liberdade há poucas horas antes do assassinato. Os dois suspeitos eram monitorados por tornozeleiras eletrônicas devido ao crime de tráfico de drogas.

O coroinha foi assassinado a pauladas, pedradas e tiros no dia 18 de agosto, na Barra do Ceará, em Fortaleza. A vítima retornava de uma aula de capoeira. A Polícia Civil permanece investigando o que motivou o crime. No entanto, em depoimentos, suspeitos citaram informação que o adolescente possivelmente integraria uma facção criminosa.

Histórico da dupla
Os dois suspeitos já tinham antecedentes criminais. No dia 17 de agosto, um dia antes do crime, a dupla foi presa junto a outras pessoas, também na Barra do Ceará, e encaminhada até a delegacia. Segundo os autos, o grupo estaria em posse de drogas.

Devido à Covid-19 não foram realizadas audiências de custódia presencial. O Ministério Público do Ceará (MPCE) representou pela conversão da prisão em flagrante por prisão preventiva devido ao histórico da dupla.

A Defensoria Pública requereu imediato relaxamento das prisões afirmando ser possível aplicação de medidas cautelares. Em decisão proferida na vara de audiência de custódia ficou restituída a liberdade dos autuados. O juiz decidiu pelo monitoramento por meio da tornozeleira durante 90 dias.

Reincidência
Conforme inquérito policial, o fato de estarem monitorados não impediu que ambos participassem de um novo crime. Consta nos autos que denunciantes anônimos apontaram os nomes dos suspeitos à Polícia pela morte do coroinha.

Por meio dos sinais emitidos pelas tornozeleiras foi possível identificar as presenças de ambos suspeitos na data e no local exato onde o adolescente foi brutalmente assassinado. Segundo a investigação, eles teriam fugido minutos antes da Polícia chegar.

Em depoimento, um dos suspeitos negou ser membro de facção criminosa e de ter participado do homicídio afirmando que no momento do crime estava em uma barraca de praia, tendo ido ao local apenas depois que populares anunciaram a 'morte de um garotinho'.

Já o outro, que conforme a Polícia tem dois cortes na sobrancelha, símbolo de uma facção, afirma que no momento do crime estava junto da família, e ouviu disparos de arma de fogo, só tendo sabido depois que uma pessoa foi morta naquela área.

Investigação

Além da dupla, outras duas pessoas foram presas sob suspeita de participar da morte do coroinha. Um terceiro foi identificado como Robson Vasconcelos.

Robson confessou às autoridades durante depoimento prestado na delegacia que agrediu o adolescente. Segundo este suspeito, as agressões aconteceram porque Robson flagrou o jovem tentando assaltar o celular de uma mulher que caminhava pelo calçadão do Vila do Mar, na Barra do Ceará.

O suspeito ainda disse que durante as agressões o adolescente gritou ‘aqui é tudo três’, se referindo a uma facção rival. Robson Vasconcelos já tinha passagens pela Polícia por integrar uma organização criminosa.

O G1 apurou que as defesas chegaram à pedir relaxamento das prisões. No entanto, conforme decisão judicial, os suspeitos devem ser mantidos presos. Um dos advogados recorreu da decisão alegando que as prisões em flagrante foram realizadas de forma ilegal. Em segunda instância no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), corroborou pela manutenção das prisões.


Por Emanoela Campelo de Melo, G1 CE

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