O principal reservatório do Estado, o
açude Castanhão, pode esgotar a sua capacidade antes mesmo da quadra chuvosa de
2018. A análise é do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden) a pedido do Diário do Nordeste. Segundo o órgão, a seca,
recorrente principalmente no norte e oeste da Região Nordeste, já perdura por
mais de doze meses, principalmente a oeste do Estado da Bahia, grande parte dos
estados do Piauí, Ceará e norte de Minas Gerais.
Segundo o coordenador geral de Operação
e Modelagens do Cemaden, o meteorologista Marcelo Seluchi, o Castanhão apenas
superou o volume de 5% após a estação chuvosa de 2017, o que é prejudicial para
os próximos anos. "A projeção que nós temos é que o Castanhão chegue ao
seu esgotamento antes da quadra chuvosa do próximo ano. O reservatório,
considerando a situação atual, pode até manter os níveis e aguentar de 2 a 3%
no máximo". Ainda segundo Seluchi, a reserva equivalente à soma de todos
os mananciais, tem em média pouco mais de 9% da capacidade.
"É muito baixo, principalmente se
levarmos em conta que só volta chover no Ceará em fevereiro do próximo ano. Até
lá, os recursos vão se esgotando. O estado hídrico é grave", alerta o
meteorologista. Seluchi conclui a análise pontuando que, para solucionar o
problema hídrico do Ceará, o ideal seria precipitações antes da quadra chuvosa.
"Eu diria que a gente tem que torcer para um início de quadra chuvosa o
mais antecipado possível. Há muito tempo que não acontece. Nós estamos chegando
ao sexto ano de chuvas críticas no Nordeste. O sistema não foi criado para
aguentar isso".
Seca
A avaliação das condições hídricas, de
acordo com o índice Integrado de Seca (IIS) do Cemaden, do mês de julho, é de
"Seca Severa" em 148 municípios, inseridos em sua maior parte nos
estados do Piauí, norte da Bahia e Ceará. Em relação ao mês anterior, para a
condição de "Seca Severa", esse número de municípios triplicou. No
mês junho, o órgão estimou que 4.164 mil pessoas estavam em áreas de extrema e
severa seca. Do Ceará, se destacam em condições graves os municípios de
Salitre, Santana do Cariri, Potengi, Nova Olinda, Crato, Barbalha, Juazeiro do
Norte, entre outros. Em relação ao últimos dois meses, os impactos da seca em
áreas de atividades agrícolas ou pastagens se mantiveram constantes. De acordo
com o índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI), 299 municípios
apresentaram pelo menos 50% de suas áreas impactadas.
Gestão
A reportagem entrou em contato com a
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), responsável pelo
gerenciamento dos recursos hídricos. Segundo o órgão do Estado, estudos
internos apontam que o Castanhão chegará em 31 de janeiro de 2018 com cerca de
153 milhões de metros cúbicos de água, o que representa 2,29% de sua
capacidade.
"Atualmente, a principal fonte
hídrica para o abastecimento de Fortaleza e RMF são os açudes da Bacia
Metropolitana. Isso ensejou a redução da transferência de água do Castanhão
para Grande Fortaleza", diz a Cogerh.
Entre as medidas tomadas pelo governo,
algumas ações foram pensadas para melhorar a distribuição de recursos. Conforme
a Cogerh, houve restrição nas vazões do Castanhão. A medida é definida
anualmente nas reuniões de alocação pelos Comitês de Bacias Hidrográficas do
Alto, do Médio e do Baixo Jaguaribe, do Salgado e do Banabuiú, face ao
agravamento da seca desde 2015. Atualmente o Castanhão opera com vazão de 7,5
m³/s, atendendo ao Vale do Jaguaribe e ao Eixão das Águas.
Já o abastecimento da Grande Fortaleza
está assegurado até o próximo ano, mesmo com a redução das transferências de
água do Castanhão. "É imprescindível a participação da sociedade no
sentido de manter e intensificar o uso racional e parcimonioso da água. Bem
como a manutenção dos controles e medidas que vêm sendo adotados pelo Plano
Estadual de Convivência com o Semiárido e Plano de Segurança Hídrica da
RMF", conclui a Cogerh.
Fonte: Diário do Nordeste
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