A qualidade da água dos açudes
cearenses melhorou em relação ao ano passado. Apesar das precipitações abaixo
da média histórica na quadra chuvosa, em quase metade dos reservatórios que
estavam poluídos caiu o grau de criticidade, se comparado ao mesmo período do
ano passado. Gestores dos recursos hídricos do Estado, porém, frisam que a
situação ainda preocupa. Como está, custa caro tirar água dos mananciais,
torná-la potável e entregá-la limpa à população.
Os açudes considerados limpos,
sem sinais de degradação, somam 3,17%, conforme amostras colhidas em 126
reservatórios, entre 1º de abril e 30 de junho de 2017. No mesmo período do ano
passado, não havia reservatórios nessas condições no Estado.
Os dados são do último relatório
de monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). No
momento da análise, 27 açudes estavam vazios, tornando a coleta inviável. Das
amostras, 15,87% tinham águas deterioradas, com aspecto esverdeado e mal
cheiroso. Nesses açudes, pode ocorrer morte de peixes e surgimento de plantas
aquáticas.
A maior parcela de reservatórios
(64,29%) está com algum nível de comprometimento. Eles foram afetados pela ação
do homem, e a água perdeu parte da transparência. Em 16,67% dos açudes, as
alterações na qualidade foram percebidas pela pesquisa, mas estão em níveis
aceitáveis.
Para o gerente do Desenvolvimento
Operacional da Cogerh, Walt Disney Paulino, é preciso ser cauteloso com a
situação encontrada. “Pegamos uma indicação da qualidade — não quer dizer que
reflete todo o espelho d’água”, frisa. Segundo ele, a tendência é que as
primeiras chuvas do ano carreguem resíduos acumulados nas margens e poluam os
açudes. “Além disso, o que temos armazenado é água bruta. Por melhor que ela
esteja, é preciso passar por algum tratamento até que se torne potável”,
lembra.
O fenômeno da eutrofização que a
pesquisa analisa é causado por sobrecarga de nutrientes nos reservatórios,
principalmente nitrogênio e fósforo. Os materiais são oriundos de esgoto
doméstico e industrial, da erosão do solo, da pecuária e da piscicultura.
Quando em grande concentração, os materiais causam proliferação descontrolada
de algas e morte de peixes. Conforme o relatório da Cogerh, as poucas chuvas no
Estado contribuem ainda mais com o aumento da concentração dos nutrientes, já
que há baixa renovação da massa de água dos açudes.
Responsável por tratar a reserva
desses açudes, a Companhia da Água e Esgoto do Ceará (Cagece) sofre diretamente
os impactos da poluição dos mananciais. Quanto mais poluída a água, maiores os
custos envolvidos no processo para torná-la potável.
De acordo com Neuma Buarque,
superintendente do Controle e Qualidade da Cagece, além dos produtos químicos,
há mais ônus na lavagem e manutenção dos filtros, que passam a entupir
frequentemente devido às impurezas, e na demanda de energia elétrica para o
processo. “Existem sistemas nossos que o faturamento não paga o custo”, afirma.
Por: O Povo
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