quinta-feira, 24 de agosto de 2017

QUALIDADE DA ÁGUA DE AÇUDES MELHORA


A qualidade da água dos açudes cearenses melhorou em relação ao ano passado. Apesar das precipitações abaixo da média histórica na quadra chuvosa, em quase metade dos reservatórios que estavam poluídos caiu o grau de criticidade, se comparado ao mesmo período do ano passado. Gestores dos recursos hídricos do Estado, porém, frisam que a situação ainda preocupa. Como está, custa caro tirar água dos mananciais, torná-la potável e entregá-la limpa à população.

Os açudes considerados limpos, sem sinais de degradação, somam 3,17%, conforme amostras colhidas em 126 reservatórios, entre 1º de abril e 30 de junho de 2017. No mesmo período do ano passado, não havia reservatórios nessas condições no Estado.
Os dados são do último relatório de monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). No momento da análise, 27 açudes estavam vazios, tornando a coleta inviável. Das amostras, 15,87% tinham águas deterioradas, com aspecto esverdeado e mal cheiroso. Nesses açudes, pode ocorrer morte de peixes e surgimento de plantas aquáticas.
A maior parcela de reservatórios (64,29%) está com algum nível de comprometimento. Eles foram afetados pela ação do homem, e a água perdeu parte da transparência. Em 16,67% dos açudes, as alterações na qualidade foram percebidas pela pesquisa, mas estão em níveis aceitáveis.

Para o gerente do Desenvolvimento Operacional da Cogerh, Walt Disney Paulino, é preciso ser cauteloso com a situação encontrada. “Pegamos uma indicação da qualidade — não quer dizer que reflete todo o espelho d’água”, frisa. Segundo ele, a tendência é que as primeiras chuvas do ano carreguem resíduos acumulados nas margens e poluam os açudes. “Além disso, o que temos armazenado é água bruta. Por melhor que ela esteja, é preciso passar por algum tratamento até que se torne potável”, lembra.

O fenômeno da eutrofização que a pesquisa analisa é causado por sobrecarga de nutrientes nos reservatórios, principalmente nitrogênio e fósforo. Os materiais são oriundos de esgoto doméstico e industrial, da erosão do solo, da pecuária e da piscicultura. Quando em grande concentração, os materiais causam proliferação descontrolada de algas e morte de peixes. Conforme o relatório da Cogerh, as poucas chuvas no Estado contribuem ainda mais com o aumento da concentração dos nutrientes, já que há baixa renovação da massa de água dos açudes.

Responsável por tratar a reserva desses açudes, a Companhia da Água e Esgoto do Ceará (Cagece) sofre diretamente os impactos da poluição dos mananciais. Quanto mais poluída a água, maiores os custos envolvidos no processo para torná-la potável.


De acordo com Neuma Buarque, superintendente do Controle e Qualidade da Cagece, além dos produtos químicos, há mais ônus na lavagem e manutenção dos filtros, que passam a entupir frequentemente devido às impurezas, e na demanda de energia elétrica para o processo. “Existem sistemas nossos que o faturamento não paga o custo”, afirma.

Por: O Povo

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