segunda-feira, 7 de maio de 2018

ORÓS ESTÁ NA LISTA DE 30 CIDADES SOB O RISCO DO 7° ANO DE SECA, SEGUNDO O PRESIDENTE DA EMATERCE, ANTONIO AMORIM.



Com quadra chuvosa irregular, alguns municípios podem enfrentar sétimo ano seguido de estiagem em 2018. Presidente da Ematerce aponta riscos na agricultura e pecuária, baixa recarga nos açudes e diz que chuvas de maio podem desfazer cenário iminente



A depender dos próximos dias de maio, se serão ou não chuvosos, o chamado “miolo do Ceará”, a parte territorial mais central do Estado, poderá entrar pelo sétimo ano de estiagem em 2018. Nesta descrição, a região voltaria a registrar perdas significativas na safra de milho e feijão e baixo aporte nos reservatórios. Pelo menos 30 municípios estão na iminência desse cenário de resultados agrícolas e produção pecuária insuficientes e seca estendida, admite o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antônio Amorim.

“Ainda há municípios com risco de entrar para o sétimo ano (de seca). Tudo dependerá de como o ‘inverno’ acontece no mês de maio”, confirma Amorim. Reticente em usar o termo “seca”, ele reafirma que maio será definidor. Historicamente, o mês tem menores chuvas que abril e março. Pondera que, no Estado todo, “2018 já é muito diferente do ano anterior, muito melhor. Não podemos chamar este ano como mais um ano de seca. Pode até ser chamado de ano médio. É o começo de um novo ciclo, a meu ver”.

As 30 cidades cearenses estão num caminho que cruza “o (Vale do) Jaguaribe, Sertão Central, Inhamuns e Centro Sul”. A lista é construída por ele a partir da combinação de chuvas abaixo da média, mais o fator pouca água acumulada nos açudes e as perspectivas da produção agropecuária ainda sujeitas ao que maio confirmar. No coloquial, Amorim identifica geograficamente os municípios listados como “um espinhaço do Estado”.

O presidente da Ematerce usa o mapa na parede de seu gabinete para descrever o caminho da “chuva que afinou em abril, diminuiu bastante”. Aponta, no desenho do Estado, que o lote menos próspero deste ano fica aonde as nuvens acumuladas pela Zona de Convergência Intertropical (parte de cima) e as chuvas vindas de Pernambuco/Bahia (parte de baixo) não chegaram. “A falta de chuvas parou exatamente nesse meio”, diz Amorim. Acima e abaixo no mapa, Zona Norte e Cariri seguem apresentando os maiores índices pluviométricos de 2018.

Variável relevante, ele aponta, foi o veranico mais duradouro dentro de março. A interrupção das chuvas, segundo Amorim, “demorou mais do que se previa”. O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins, confirma. “O veranico de março foi muito longo. Durou mais de 15 dias. Na agricultura de sequeiro, deve ocasionar perda de rendimento das principais culturas. Este veranico também não favoreceu o aporte”, amplia Martins.

Março deveria ter sido justamente o mais chuvoso da quadra invernosa, medida de fevereiro a maio. O mês tem média histórica de 203,4 milímetros (mm), mas em 2018 choveu 120,1 mm. Foi 40,9% menor que o esperado. Fevereiro e abril, respectivamente o tempo do plantio e o do crescimento vegetativo, foram de chuvas acima de suas médias.

Quanto à recarga hídrica, segundo Martins, com exceção da Bacia Metropolitana, todas as demais estão com percentual maior que o do final da quadra chuvosa de 2017. “O Ceará, ao fim da quadra chuvosa do ano passado, estava com 12,5% da capacidade de armazenamento. Agora, está com 16,3%”, mapeia o presidente da Funceme.

No caso do milho, o período atual é o da floração. O sertanejo chama a flor da planta de “boneca”, de onde despontam as espigas. A colheita do milho é em julho. “Se chover nas próximas duas semanas, ajuda a sustentar bastante”. O POVO entrevistou Amorim na última quinta-feira, dia 3.

Jaguaribe, Iguatu, Mombaça, Pedra Branca, parte de Boa Viagem e Senador Pompeu apareceram entre as primeiras citadas por Amorim como preocupantes. “Tiveram ‘inverno’ menor. Podem ter perda de safra se não cair chuva agora”. No restante do Ceará, segundo ele, a safra do grão será quase completa.

O feijão já está sendo colhido no Cariri, toda Zona Norte, Sertões de Crateús, Sertão Central e área metropolitana da Capital. Nos respectivos municípios com as melhores chuvas dentro de cada dessas regiões, ressalta o presidente. Brejo Santo e Novo Oriente são os expoentes locais na produção. Ele acredita que a cultura também atingirá a colheita prevista, 187 mil toneladas no Estado.

“No todo, está chegando ao esperado, mas também depende de maio. É o mês decisivo para isso”, destaca.

A chuva não deixou de ser registrada nos municípios onde a estiagem poderá emendar sete anos. Mas só o suficiente para esverdear a paisagem e fazer crescer pastagens nativas. Os pequenos açudes ganharam alguma água. “Os pequenos reservatórios e essa mata nativa vão ajudar na sustentação do rebanho”, projeta Amorim. O Ceará tem, nos cadastros mais atualizados, perto de 2,5 milhões de animais bovinos, 2,6 milhões de ovinos e e 1,4 milhão de caprinos.

O presidente da Ematerce diz que “2018 está sendo um ano compensador. Esperança que os novos anos sejam menos duros do que foram os seis anos passados. Para a lavoura tá dentro da média, para o aporte merece mais”. Torce que maio seja “surpreendente”. Eduardo Sávio, da Funceme, reforça: “As chuvas de 2018 nos trouxeram algum alívio, mas ainda está longe de qualquer situação confortável”.

APORTE HÍDRICO

As bacias hidrográficas que mais se beneficiaram com as chuvas de 2018 no Ceará foram Coreaú e Acaraú, de acordo com o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins.



SAFRA EM 2018

A previsão é que o Ceará colha 570 mil toneladas de milho em 2018.

É o maior plantio no solo do Estado. 187 mil toneladas de feijão devem ser colhidas.

7 açudes eram considerados secos no Ceará no último dia 3, segundo o Portal Hidro

  
25 açudes eram considerados no volume morto e 20 estavam sangrando



Portal Orós com informações do jornal O POVO online

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