quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Barraca da Praia do Futuro cobra R$ 60 de clientes que consumirem produtos de ambulantes



“Cobramos R$ 60 de rolha por produto consumido não da barraca.” O aviso fixado nos coqueiros e na estrutura da barraca New Beach, na Praia do Futuro, informa que os clientes não podem consumir produtos vendidos por vendedores ambulantes fixos. Em caso de descumprimento, os usuários são obrigados a pagar a taxa adicional.

A funcionária pública Vera Diniz, de Minas Gerais, já veio ao Ceará inúmeras vezes visitar a família. Contudo, nesta terça-feira (14) foi surpreendida com a proibição. A ordem foi repassada a ela por uma funcionária da barraca. “Quando eu cheguei, ela disse que se eu comprasse alguma coisa de ambulante, teria que pagar uma rolha de R$ 60 reais”.

Segundo o gerente da barraca, que não quis gravar entrevista, os avisos foram colocados nessa segunda-feira (13) para evitar a venda fixa de produtos. O estabelecimento, ele disse, não tem problemas com os vendedores ambulantes que se deslocam pela praia, mas ignora aqueles que ficam parados no estabelecimento.

O gerente esclareceu ainda que a cobrança de R$ 60 é direcionada aos funcionários da barraca e não aos clientes. A turista, porém, desmentiu. “O garçom também disse que eu pagaria o valor se eu comprasse de ambulante. É um estresse, toda hora chega um e você tem que explicar que não pode comprar, aí eles acham ruim”, ponderou Vera Diniz, que encerrou a conta e procurou outra barraca.

O Decon, órgão de defesa do consumidor, apura o caso para saber se há infração aos direitos dos clientes.


'Boa convivência'

A presidente da Associação das Barracas da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, considera como “uma atividade totalmente contra o fluxo” a cobrança imposta pelo estabelecimento. Apesar de afirmar que há um assédio dos ambulantes, ela diz que a entidade preza pela “boa convivência com” os vendedores.

“Nós vamos estabelecer uma conversa com a barraca ainda hoje, entender o que está acontecendo, ouvir a parte dele e orientar mais uma vez, porque nós estamos em um período bom, vamos trabalhar em paz”, ressaltou Fátima Queiroz.

De acordo com a vendedora ambulante Andrea Monteiro, que trabalha há 10 anos na área, a proibição já rendeu prejuízos. Uma cliente quis comprar brinquedos, mas mudou de ideia quando lembrou do valor exigido pela barraca.

“Eu acho isso aí muito errado esse negócio de o cliente não poder comprar da gente porque vai pagar R$ 60 reais. A gente está aqui é para ganhar o sustento, não é para tirar nada de ninguém, é para levar comida pra casa”, lamenta.



Por G1 CE


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