sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Carne não deve ser 'vilã' da inflação em 2020, mas preços não vão cair tanto, dizem analistas



A carne foi o destaque de alta da inflação brasileira em 2019, especialmente nos últimos meses do ano, em meio ao aumento das exportações para a China e à desvalorização do real. O preço subiu 32,4% no ano, representando o maior impacto individual na inflação anual.

Para 2020, a proteína animal não deverá ficar mais cara, mas também não terá os valores praticados há um ano, de acordo com especialistas.

Isso porque:


  • Os preços ficaram estagnados desde o início da crise econômica, em 2015, e os valores precisavam passar por reajuste, dizem analistas de mercado ouvidos pelo G1;
  • Para o Ministério da Agricultura, a euforia da demanda chinesa também passou, e agora os preços devem encontrar um ponto de equilíbrio;
  • Acabou a "entressafra do boi" e a oferta de animais prontos para o abate aumentou, o que tende a diminuir os valores negociados no mercado;
  • Quando a carne bovina cai, outras proteínas, como frango e porco tendem a desvalorizar;
  • Porém, a abertura de novos mercados não pode ser descartada, o que traria um fato novo para a atual dinâmica de preços.
O analista de mercado Leandro Bovo explica que o mercado da carne bovina, a principal consumida no país, passou 4 anos sem alta de preços ao mesmo tempo que os custos de produção não paravam de subir.


"Alguma correção de preços era esperada. Em termos de inflação, o impacto maior já aconteceu, e, a partir de agora, não será mais tão relevante", afirma Bovo.

"Porém, o desconforto com o aumento dos preços, mesmo que menor, ainda estará presente", completa o sócio-diretor da Radar Investimentos.

No campo, o valor de uma arroba de boi (15 kg) caiu cerca de 15% desde a explosão de preços, no final de novembro. Na cidade, a média de preços no varejo, calculada pela Scot Consultoria, baixou menos, 0,7%.

"Eu não acredito que as carnes serão as vilãs da inflação em 2020. O que tinha que vir, já foi", diz o consultor Alcides Torres.

"Agora, acreditamos que haverá uma melhora da economia e a variação de preços será absorvida durante o ano. Diferente de 2019, quando todo o impacto veio em 45 dias", completa o analista da Scot.

Isso porque acabou em dezembro a "entressafra da carne bovina" e a oferta de animais deverá estar a todo o vapor até julho. Agora, o mercado busca equilíbrio.


Por Rikardy Tooge*, G1

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