A Organização Meteorológica Mundial (WMO) divulgou nesta quarta-feira (28) um novo relatório que projeta as mudanças climáticas para o período entre 2025 e 2029. Segundo o estudo, é altamente provável que o planeta registre novos recordes de calor nos próximos anos, podendo inclusive superar as temperaturas extremas de 2024 — atualmente o ano mais quente dos últimos 175 anos.
O documento aponta uma chance de 80% de que ao menos um dos próximos cinco anos ultrapasse a média de temperatura registrada em 2024, quando o mundo passou 11 meses consecutivos com temperaturas superiores a 1,5ºC acima da média pré-industrial (1850-1900). Para o período de 2025 a 2029, a previsão é de que a temperatura média global fique entre 1,2ºC e 1,9ºC acima dessa referência histórica.
Embora ainda pouco provável, o relatório também considera a possibilidade de 1% de que, até 2029, algum ano registre 2ºC de aquecimento — um limite que acende alerta máximo na comunidade científica por causa dos potenciais impactos econômicos, sociais e ambientais.
O relatório também traz projeções regionais: entre maio e setembro, é esperado um aumento de chuvas no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, enquanto a região amazônica deve enfrentar um período anormalmente seco.
Segundo o pesquisador Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aquecimento da superfície terrestre intensifica a energia disponível na atmosfera, favorecendo a formação de nuvens carregadas e, consequentemente, chuvas mais intensas. "O aumento da temperatura global torna eventos extremos como secas, tempestades e ondas de calor cada vez mais frequentes", alerta.
O ano de 2024 já havia sido apontado pela ONU como o mais quente da história. A temperatura média global próxima à superfície chegou a 1,5ºC acima da média de longo prazo, com destaque para regiões como América do Norte, Europa, norte da África e partes da Ásia.
Esses dados reforçam os alertas do Acordo de Paris, que estabelece o limite de 1,5ºC de aquecimento global como meta para evitar consequências mais severas. O Brasil, como signatário do acordo, comprometeu-se a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025, e em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2005. Para isso, o país pretende investir em bioenergia sustentável e recuperar cerca de 12 milhões de hectares de florestas.
Por Portal Orós Josemberg Vieira