O ex-governador do Ceará e candidato a senador, Cid Gomes
(PDT), mesmo sem declarar apoio pessoal, disse que vai “recomendar” voto em
Eunício Oliveira (MDB) na segunda vaga do Senado “em homenagem” ao governador
Camilo Santana (PT). Enquanto isso, ele pede que o governador “tenha um papel
de magistrado” na disputa entre Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT) pela presidência
da República.
Cid concedeu entrevista aos jornalistas Fábio Campos e
Wanderley Filho, no programa Focus.Jangadeiro, na Tribuna BandNews FM, nesta
quarta-feira (8).
Ao ser questionado sobre a incoerência na reaproximação com
Eunício, Cid saiu em defesa da aliança informal de Camilo com o presidente do
Senado nas eleições de 2018.
“A relação na política é complexa e leva em conta um conjunto
enorme de fatores”, disse. Cid Gomes citou a aliança com Eunício em 2010 e a
disputa pelo governo do Estado em 2014 que os colocou em lados opostos. No
entanto, após a saída do PT do Governo Federal, o Governo do Ceará teria tido
dificuldades em conseguir apoio e precisou recorrer a Eunício, presidente do
Senado e nome influente do MDB.
“A vaidade e o orgulho não podem ser empecilhos para que você
efetivamente entregue os serviços para a população”, defendeu.
Cid deixou claro que trabalhou para que a aliança não se
materializasse oficialmente. “O governador se sentiu – e eu compreendo – na
obrigadação de agradecer o que ele teve de ajuda”, afirmou.
Sobre as críticas de Ciro a Eunício e as dezenas de processos
judiciais do emedebista contra o presidenciável, Cid tentou minimizar
desavenças pessoais. Segundo ele, “Ciro tem sua posição e denuncia o MDB. Ele
enxerga aquilo como um símbolo para denunciar”.
Apesar das incoerências nas relações, apontadas pelo próprio
Cid durante a entrevista, o candidato ao Senado declarou apoio a Eunício.
“Eu recomendarei voto no Eunício em homenagem ao Camilo. E o
Camilo fez esse entendimento com Eunício levando em conta o interesse maior do
Ceará”, afirmou. Ele disse ainda que “nunca recomendou nem estimulou ninguém a
brigar com seu amigo, seu vizinho, por política”.
Camilo Santana
E continua sobrando para o governador a desavença entre PT e
PDT no âmbito nacional. De um lado, o PT cobra que Camilo torne público apoio a
Lula ou a outro candidato petista. Por outro, o PDT vai cobrar imparcialidade
no palanque do Ceará.
“Defendo que o Camilo, como é o projeto que nos une no
Estado, tenha um papel de magistrado”, disse Cid, alegando que PT pode pedir
voto para Lula fora do palanque, enquanto o PDT pede voto para Ciro também por
fora.
Cid citou o próprio exemplo quando teve Ciro disputando com
Lula nas eleições de 1998 e 2002. “Nos dois momentos eu era prefeito de Sobral,
e a gente mantém até hoje uma aliança com PT”, disse.
Ele também ressaltou a presença de Ciro e Lula nas extremidades
da faixa de propaganda da campanha de Camilo, Izolda e do próprio Cid durante a
convenção da chapa. “São os dois líderes principais desse projeto”, defendeu.
O candidato ao Senado explicou ainda que não esteve presente
na convenção que oficializou a aliança PT/PDT no domingo (5) porque teve uma
crise de enxaqueca em meio ao esforço por definir alianças no Estado.
Ciro isolado
Após articulação do PT com PCdoB e PSB, Ciro Gomes amarga
isolamento político na campanha. O PT oficializou a candidatura do ex-presidente
Lula, com Fernando Haddad como vice, além de Manuela Dávila, do PCdoB, como um
elemento chave na chapa, caso o PT não reverta a condenação de Lula.
“Uma coisa é você ir atrás de um partido para se coligar a
ele. Outra é você ir atrás de um partido para que ele não se coligue com outro,
que foi o que o Ciro denunciou, caso do PT com PSB. O PT não quis o PSB”, disse
Cid, alegando que as articulação dos partidos tiveram como foco prejudicar
Ciro. “Mas ele (Ciro) não está se queixando, não está se maldizendo”, defendeu
o irmão.
Para Cid Gomes, “no lado progressista”, Ciro irá disputar
vaga no segundo turno contra o candidato do PT; enquanto Geraldo Alckmin (PSDB)
tentará desbancar Jair Bolsonaro (PSL) no âmbito da direita política. “Vai ser
essa performance (na cobertura da mídia) que vai permitir que o Ciro se
consolide, concorrendo com o candidato do PT”, pontuou.
Fonte: Tribuna do Ceará
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