segunda-feira, 27 de agosto de 2018

População de Nova Flores e região em Jaguaribe sofrem com falta de água

Os moradores do distrito Feiticeiro, zona rural deste Município, enfrentam crise de abastecimento que se agravou nestes dois últimos anos. O Açude Joaquim Távora (Feiticeiro), que deveria abastecer a localidade está com 4,97% de sua capacidade e a água tornou-se imprestável para o consumo humano. A expectativa é a implantação de uma adutora emergencial.

A crise de água enfrentada pela população local expõe as falhas de um projeto, o Sistema Adutor Orós - Feiticeiro, que tinha a finalidade de abastecer o distrito a partir do Açude Orós. A obra foi inaugurada em 2011, após quatro anos de atraso. O eixo de integração deveria abastecer outro distrito, Nova Floresta, e localidades no percurso.

O projeto previa atendimento a cerca de 20 mil pessoas e perenização do Vale do Feiticeiro. A obra foi iniciada em 2006 e foi orçada em R$ 30 mi, do Ministério da Integração Nacional. Tem extensão de 18 km, incluindo 3.700m de adutora em rede dupla de 700mm, bombeamento, canais e sifões, sendo a maior parte, 14.500m, por gravidade.

O canal termina na localidade de Canto do Juazeiro, a 20Km da sede do distrito Feiticeiro, e a água segue pelo Riacho Feiticeiro, mas, no meio do caminho, tem três açudes (Croatá, Pedra Branca e Córrego das Pedras) e depois mais trecho do riacho largo, com obstáculos naturais que impedem a passagem da água. A operação de liberação da água do Orós é feita por ondas para possibilitar a chegada aos três reservatórios, mas, desde o início, mostra dificuldades.

"Com certeza, o melhor seria se houvesse uma tubulação a partir do Canto do Juazeiro diretamente para Feiticeiro, evitando desperdício e possíveis desvios da água", observou o gerente regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em Limoeiro do Norte, Francisco Chaves de Almeida. O diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Jaguaribe, Ronaldo Nunes, discorda que o Sistema Adutor Orós-Feiticeiro tenha ficado no meio do caminho: "O projeto inicial foi realizado, mas hoje, com o projeto Malha D'água, do governo do Estado, pode haver uma tubulação nova até o Feiticeiro".

O pastor evangélico Antônio Alves Araújo e o líder comunitário José Miranda entendem que o correto teria sido a instalação de uma rede de canos até a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Feiticeiro. "Teria sido bem melhor, pois não haveria todo esse problema de falta de água. Existe  o problema do desvio da água do canal para atividade agropecuária", disse Araújo.

 O Açude Pedra Branca deve secar até o fim deste mês, caso não ocorra a nova liberação de água do Orós, que acumula apenas 8,28% de sua capacidade. Caso isso ocorra, haverá colapso de água também no distrito de Nova Floresta, que já dispõe de uma adutora. A salvação tem sido um poço de Jacó, cavado em 2017.

Na semana passada, houve reunião entre a direção do SAAE, o prefeito de Jaguaribe, José Abner Diógenes, e a Cogerh com o objetivo de encontrar uma solução emergencial para a crise de desabastecimento em Feiticeiro. A ideia é implantar uma adutora de cerca de 10Km, a partir do sistema de captação do Açude Pedra Branca.

"Houve uma parceria entre o governo do Estado e a Prefeitura de Jaguaribe", explicou Ronaldo Nunes. "A Cogerh vai adquirir os canos e o SAAE vai cavar e instalação da rede". Nunes acredita que a obra deve estar concluída em 60 dias. Já Almeida pondera a necessidade de prazo para conclusão do processo de licitação na Procuradoria Geral do Estado (PGE) para a compra dos canos. "Não temos como definir um prazo, mas estamos cobrando agilidade. Agora a prioridade é o abastecimento humano e dessedentação animal", disse.

O trecho entre os açudes Croatá e Pedra Branca e o ponto de captação para a instalação da adutora precisa ser corrigido para eliminar barreiras. A ideia é fazer valas para possibilitar a água escorrer. "Estamos aguardando a chegada de máquinas".

Desvios

Não é de hoje que há queixas de desvios de água que deveria chegar à localidade de Feiticeiro.

Quando o Orós apresentava um maior volume e liberava mais água no canal adutor e no leito do riacho, muitos produtores aproveitavam para ampliar áreas de cultivos de capim e grãos. Houve até a instalação de um balneário no Açude Croatá. Compete à Cogerh a fiscalização do uso indevido da água, observar limites de área de plantio e do seu uso. "Infelizmente, a fiscalização da Cogerh é precária diante da falta de estrutura", observou Paulo Landim, integrante do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe. "O Orós acaba liberando mais água por causa dos desvios". Ao longo do canal adutor, é visível a instalação de canos, mangueiras e de bombas.

Fonte: Diário do Nordeste

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