terça-feira, 9 de julho de 2019

Fim da quadra chuvosa marca aumento no número de queimadas


A temporada de incêndios em mata nativa e em área de pastagem começou no sertão cearense. Após o período chuvoso, os casos tendem a aumentar consideravelmente. A vegetação nativa seca, baixa umidade do ar e o calor intenso são fatores, segundo o Corpo de Bombeiros, que favorecem a ocorrência de incêndios.

O "Programa Queimadas" do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou, por meio de monitoramento de satélite, neste ano, até ontem (8), 222 focos de queimadas no Ceará. Em relação a igual período do ano passado, quando foram observados 207 focos, houve um aumento de 7%.

O último incêndio no Estado aconteceu no fim de semana passado. Uma área de dois hectares de vegetação nativa e de pasto foi atingida pelo fogo, no Sítio Varzinha, zona rural de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. Militares do Corpo de Bombeiros evitaram que o fogo atingisse uma área residencial. "O vento e a vegetação seca ajudaram para que o fogo logo se espalhasse rapidamente e por pouco não atingiu uma casa bem próxima ao local", contou o tenente Claudenízio de Souza. Ninguém ficou ferido.

Casos como este tendem a ficar mais frequentes a partir de agora. "O problema é recorrente e vai se estender até o fim do ano", observa o tenente do Corpo de Bombeiros.

A ação humana, conforme avalia o agrônomo Paulo Maciel, contribui para o crescimento dos casos. "A vegetação permanece mais seca e há, nesses meses, o costume de preparo de terra para o plantio com o uso inadequado de queima dos restos de culturas agrícolas e da própria mata nativa por parte dos agricultores", detalha.

A prática de atear fogo na mata é criminosa, mas raramente são localizados os autores. Na ampla maioria das vezes, a mata incendiada não estava pronta com roço e coivara para a tradicional broca (queima de restos culturais).

Os bombeiros militares alertam ainda para o risco de os incêndios atingirem casas e instalações agropecuárias, além da destruição de mata nativa e de áreas de pastagem.

Para reduzir o índice de queimadas e consequentemente os danos ao meio ambiente, especialistas orientam que as pessoas não toquem fogo em lixo e nem em terrenos baldios. O agricultor que for fazer queimada, deve primeiro ter autorização de um órgão responsável.

Para evitar que o fogo se alastre, sempre deve ser feito um aceiro para evitar que o fogo passe para outras áreas. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, mais de 80% dos casos são provocados pela ação humana. "Além de destruir a vegetação, o fogo e a fumaça chegam perto das casas, prejudicando a saúde das pessoas e até pondo-as em risco de morte", acrescentou o tenente Claudenízio de Souza.

Deficitário

No Ceará, só há um grupo de brigadistas do Prevfogo, ligado ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, em Quixeramobim. O órgão é responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas com campanhas educativas, treinamento, capacitação, monitoramento e pesquisa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Já a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) mantém o Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna). A ideia era formar pelo menos três brigadas regionais para combate a incêndios e educação ambiental, mas o projeto ainda não foi totalmente implantado.


Fonte: Diário do Nordeste

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