sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Chineses querem usinas solares em açudes


A proposta de um grupo de chineses é explorar quartzo, produzir painéis e instalar usinas sobre as lâminas d´água

Com 139 açudes monitorados pela Cogerh e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), e alguns com grandes extensões de lâmina d´água, como o Castanhão o Orós, o Gavião, o Araras Norte; o Ceará dispõe de um potencial energético ainda inexplorado no País.

Espelhos d´água de vários aquíferos cearenses são "campos férteis e baratos" para instalação de painéis de células fotovoltaicas, para geração de energia solar no Interior do Estado FOTO: CID BARBOSA

Não se trata da possibilidade de instalação de hidrelétricas ou do aproveitamento de vísceras dos peixes para geração de biocombustível; mas do aproveitamento das superfícies dos aquíferos para instalação de painéis solares, de células fotovoltaicas à produção de energia elétrica.

A tecnologia, inusitada no Brasil, mas já disponível na China, e a grande disponibilidade de aquíferos a preços quase zero no País, vem despertando o interesse econômico de uma empresa chinesa, de olho na energia solar no Ceará e na elevada ensolação no Estado.

Quartzo

A informação foi antecipada ontem, pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Roberto Smith. "Uma empresa chinesa está querendo produzir painéis (solares) aqui, mas a ideia é explorar quartzo (mineral próprio para produção de placas fotovoltaicas) e a geração de energia. Eles também querem ter uma usina.

O detalhe é que querem os painéis instalados em cima de superfície hídrica, de um reservatório de água, para não comprar terras", expôs Smith. Segundo ele, a proposta inicial dos chineses seria o Castanhão.

"Eu mandei todos os dados, mapas, tudo. Estou aguardando eles virem (ao Ceará), estamos marcando uma data", disse Smith, segundo quem, o grande interesse dos chineses está, sobretudo, na exploração do quartzo disponível em parte do solo cearense. "Nós temos quartzo de alta pureza aqui e eles querem saber onde está o quartzo, querem fazer os estudos", declarou.

Áreas

Conforme explicou, como o interesse é por regiões próximas à Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a área sugerida, inicialmente, foi Pentecoste,- município que dispõe de jazidas de quartzo próximas, de um grande açude e localiza-se a cerca de 100 quilômetros de Fortaleza. "Eles me solicitaram uma serie de informações, que eu já mandei para a China", acrescentou o presidente da Adece.

Smith destacou, no entanto, que, em conversas com técnicos da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), "eles avaliam que há outros açudes mais interessantes, por estarem mais próximos de redes de transmissão (de energia elétrica)". "Mas ainda não existe o estudo. Quando eles vierem a gente mostra. Eles fazem isso na china. O que é interessante é o novo, mas nós não estamos preparados", frisa.

Falta normatização

Smith explicou que o Ceará ainda não dispõe de normas jurídicas e ambientais sobre o aproveitamento de espelhos d´água de açudes para instalação de usinas solares. "Nós não temos normas de como se pode usar a superfície de um açude, sem comprometer terras (no entorno) e sem que o pessoal da área ambiental ... (questione), e que não atrapalhem a piscicultura. É uma coisa nova", reconhece.

Ele disse ainda que esta (a chinesa) não é a única unidade de painéis em negociação. "Estamos conversando com vários empresários, mas nenhum está fechado. Tem um brasileiro que diz que está com indústria toda comprada pra trazer. As mensurações mostram que o desempenho da energia solar aqui é maior do que se pensa", avalia Roberto Smith

Mapa eólico

Quanto à energia dos ventos, ele falou que a Adece está "arrumando recursos pra rever o mapa eólico do Ceará. "Temos alguns parques eólicos com desempenho muito superior do que pensávamos. Isso atrai mais investimentos", conclui.

Americanos planejam complexo de oncologia

Com um leque de investimentos ainda aberto, sem definição, o presidente da Adece, Roberto Smith, sinaliza, agora, com a perspectiva de instalação de um complexo de saúde para tratamento do câncer no Ceará, a partir de uma tecnologia já adotada nos Estados Unidos e em países acima da linha do Equador, denominada Prontoterapia. O empreendimento, que viria acompanhado de um hotel, estaria estimado em US$ 500 milhões, ou o equivalente a R$ 1 bilhão.

Segundo Smith, o projeto vem sendo discutido com um grupo americano e já foi apresentado ao Secretário Estadual de Saúde, Arruda Bastos. "O secretario é oncologista e ficou interessado", revelou. Ele falou também que já conversou com outros empresários do setor que estão se organizando para formar o polo de saúde do Eusébio.

Plano de negócios

"É um negocio grandioso, que precisa de aprofundamento, não é uma coisa imediata. "Eu pedi para eles (americanos) me trazerem um plano de negócios, um estudo da viabilidade, como vem ocorrendo nos EUA, França e Alemanha, e que me tragam os empresários interessados em investir. Aí sim, vou me sentir à vontade de levar ao governador" ressaltou. "Com esse empreendimento, eu teria como atrair o tratamento da América Latina inteira", acredita.

DIÁRIO DO NORDESTE
CARLOS EUGÊNIO/ SÉRGIO DE SOUSA 
REPÓRTERES 

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