Dor e sensação de impunidade acompanham amigos e familiares
da DJ Ana Karolina de Souza Santos, 19, assassinada brutalmente no último dia
28 de julho, em Fortaleza. Ela e outras três mulheres foram raptadas por um
grupo de homens no Bairro Bonsucesso e espancadas com pedras e barras de ferro.
Karolina não resistiu aos ferimentos. Segundo uma amiga da vítima, que terá sua
identidade preservada por temer represálias, a jovem pode ter sido morta por
homofobia (preconceito e atitudes criminatórias contra homossexuais).
As investigações acerca do crime seguem em andamento, de
acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).
Até a publicação desta matéria, nenhum suspeito pelo homicídio havia sido
preso. Uma das hipóteses levantadas pela polícia foi a de que Karolina e as
outras mulheres pertenciam a uma facção criminosa. Amigos da DJ, que não tinha
antecedentes criminais, descartam a possibilidade.
A amiga da vítima conta que, horas antes do crime, Ana
Karolina estava com a namorada e amigos em um churrasco, no Bairro Parangaba. O
casal teria saído do local para comprar maconha, em um lugar 'costumeiro', com
a promessa de retornar brevemente. A entrevistada lembra que, como as duas demoraram
a retornar, os amigos começaram a ficar preocupados e outro casal de mulheres
decidiu procurar pela dupla e também desapareceu. "Depois que as outras
duas foram atrás delas e não voltaram, o pessoal todo do churrasco se mobilizou
para procurar", disse.
No fim da noite de 28 de julho, os amigos descobriram que as
quatro mulheres foram raptadas e espancadas. Ana Karolina, segundo a amiga,
fora a mais machucada: morreu antes mesmo de ser socorrida. As outras três
foram levadas ao Instituto Dr. José Frota (IJF).
"Uma conseguiu fugir e as outras duas disseram que não
perceberam logo que a Karol estava morta, porque elas duas se fingiram de
mortas. Foi uma estratégia para sobreviver. As meninas falam que em nenhum
momento teve assédio, mas eles (raptores) ficaram tirando fotos e perguntando
de onde elas eram, quem elas eram. Para mim, a morte da Karol teve relação ao
aspecto social que ela estava envolvida. A Karol era quem tinha aparência mais
masculinizada. Nem velório ela teve. Ficou toda desfigurada", relatou a
entrevistada.
Buscas
A amiga da DJ acrescentou que não irá aceitar que
criminalizem a vítima morta, algo que, segundo ela, "serve para tirar a
responsabilidade do Estado pelo crime". De acordo com um policial militar,
todas as mulheres abordadas na noite da ocorrência foram colocadas dentro de um
táxi, com três delas sendo presas no porta-malas do veículo e Karol levada no
banco do passageiro.
Conforme a SSPDS, a Polícia Civil investiga a morte por meio
da 6ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A
pasta pediu, por meio de nota, que a população contribua com as investigações,
repassando informações que possam auxiliar as buscas. As denúncias podem ser
feitas pelo número 181 ou para o Whatsapp do DHPP: (85) 99111-7498. A SSPDS
ressaltou que o sigilo e o anonimato do denunciante são garantidos.
Por G1 CE
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