segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Assalto, agressão e ameaça: como violência afeta a vida escolar de estudantes na periferia de Fortaleza

 


"As aulas foram paralisadas por conta de facções. Acho que isso não deveria acontecer justamente por ser uma escola, porque as pessoas estão lá para estudar". O relato de uma adolescente de 14 anos, que terá a identidade preservada, moradora do Bairro Bom Jardim, em Fortaleza é emblemático da realidade vivenciada por ela e muitos outros. Uma pesquisa feita na região do Grande Bom Jardim, com um público de 14 a 24 anos, mostrou as relações entre os problemas de segurança pública e a vida estudantil.

O Grande Bom Jardim é um território da periferia sudoeste de Fortaleza, formado por cinco bairros oficiais (Bom Jardim, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira) e uma população estimada de 220 mil habitantes. Em termos populacionais, esse território representa 8,33% da população da capital.

A pesquisa apontou que praticamente oito a cada dez participantes consideram o bairro como inseguro ou totalmente inseguro (78,67%), semelhante aos dados sobre a insegurança no percurso para a escola (68,61%) e na rua (63,17%). Os dados foram retirados de questionários aplicados a estudantes das 12 escolas de ensino médio da região; os alunos têm entre 14 e 24 anos.

A insegurança que viola as ruas, as casas, as escolas, retira até direitos básicos — como o de ir e vir. “A gente não podia sair de casa porque estava muito perigoso na rua. [O medo] era tanto de tiros da polícia, quanto tiros dos…”, declarou a estudante ouvida pelo g1, se referindo aos criminosos, incapaz de finalizar a frase.

A jovem pensa em seguir estudando no Grande Bom Jardim. Ela mora perto da escola onde estuda, e faz o caminho todos os dias de carro, levada por familiares. A pouca idade, no entanto, não a impede de entender a realidade social em que está inserida.

“Muitas pessoas entram nessa vida [crime] não por querer, mais por necessidade mesmo, mas é muito errado porque pessoas que não têm nada a ver acabam sendo afetadas por isso”, lamentou a adolescente.


Por Samuel Pinusa, g1 CE


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