O primeiro dia do último mês do ano trouxe uma notícia nada
alentadora para o sertanejo. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme) divulgou a previsão climática para o acumulado de chuvas nos
meses de dezembro, janeiro e fevereiro, com maior probabilidade de
precipitações abaixo da média no total do trimestre (42%). O percentual de que
se atinja a média é de 33%. Acima dela é de apenas 25%.
A Funceme ressalta que essa previsão não corresponde ao
prognóstico da estação chuvosa do próximo ano, compreendida entre os meses de
fevereiro e maio, por se tratar de um período diferente.
Conforme vem enfatizando nos últimos meses, somente na
segunda quinzena de janeiro próximo é que essa previsão será estabelecida.
Entretanto, os meteorologistas afirmam que a influência do fenômeno El Niño
(aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial) é um
fator que pode influenciar negativamente as chuvas nos próximos três meses e
adiantam que o fenômeno deve permanecer atuando no primeiro semestre do próximo
ano.
A meteorologista Dayse Moraes ressalta que regiões como o
Sertão Central, o Litoral e Jaguaribe ficarão dentro da média. "Isso não
chega a ser significativo, principalmente pelo fato de estarmos vivendo o
terceiro ano de seca. Para que houvesse uma recuperação em termos de recarga
dos açudes, por exemplo, seria necessário chover bem acima do que está sendo
previsto".
O que faz com que a previsão fique abaixo da média é o
prognóstico em relação às regiões da Ibiapaba, Litoral Norte, Cariri e Sul do
sertão Central. Em todas elas, a previsão é de precipitações abaixo da média.
Em relação às chuvas que têm caído ultimamente, Dayse Moraes
explica que são "chuvas de brisas", que não podem ser consideradas
"significativas pois são insuficientes para abastecer os reservatórios,
principalmente na condição atual".
Baixa previsibilidade
A previsão divulgada ontem faz referência a um período em que
atuam sistemas atmosféricos chamados transientes, como Cavados de Altos Níveis
e Vórtices Ciclônicos. "Estes sistemas, característicos da pré-estação
chuvosa são de baixa previsibilidade a longo prazo. Por isso, é importante para
os usuários acompanharem a previsão diária do tempo no site da Funceme",
explica Meire Sakamoto, chefe do núcleo de Meteorologia da Fundação. Para
Meyre, "mesmo com o El Niño sendo um fator que influencia na redução da
quantidade de chuvas no Ceará, para elaborar o prognóstico oficial, que será
emitido em janeiro, é muito importante avaliar também as condições do Oceano
Atlântico.
"As temperaturas do Atlântico influenciam diretamente o
posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), sistema que começa
a atuar no Ceará normalmente na segunda quinzena de fevereiro e que é o
principal indutor de chuvas durante a quadra chuvosa".
Média
Conforme levantamentos históricos da Funceme, é a seguinte a
média acumulada do período que vai da pré-estação chuvosa (dezembro e janeiro)
ao primeiro mês da quadra chuvosa: dezembro (29,2 mm); janeiro (98,7mm);
fevereiro (127 mm); acumulado 255 mm. O ministro da Integração Nacional,
Francisco Teixeira, durante encontro do Comitê para Combate à Seca, realizado
em Fortaleza, no último dia 24 de novembro, revelou que essa já é a pior seca
enfrentada pela região nordestina nos últimos 60 anos.
O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA),
Nelson Martins, no mesmo encontro, já se mostrava cético e dizia que o Estado
"já trabalha com o pior cenário em termos de estiagem com vistas a 2015.
Medidas
Nelson Martins garante que o Estado vai manter as ações que
já vêm sendo executadas para enfrentar a estiagem prolongada. "Vamos
ampliar todos os nossos programas. Aliás, já estamos fazendo isso. Na última
sexta-feira, por exemplo, autorizamos mais 192 obras de sistemas de
abastecimento d'água pelo Água para Todos em 58 municípios. As obras custarão
aproximadamente R$ 33,08 milhões", assegura o secretário
Dentre outros programas que ajudam o sertanejo a conviver com
as adversidades climáticas do Semiárido, com longos períodos de estiagem,
Nelson Martins ressalta também que "no Estado já foram instaladas 130.146
mil cisternas de placas e polietileno e 6.541 cisternas cilíndricas e de
enxurrada. Além disso, já temos recursos para instalar mais 21.970 mil
cisternas de placas e 14.592 mil cisternas de polietileno", garante.
Mais informações:
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246, Aldeota - Fortaleza-CE
Fone: (85) 3101-1088 funceme@funceme.br
Diário do Nordeste
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