sábado, 5 de abril de 2014

Chuvas causam alagamentos e destruições no Interior do CE

Diário do Nordeste - Juazeiro do Norte As chuvas que caíram na maioria das regiões que formam o Estado ocasionaram diversos transtornos e prejuízos às populações. Confirmando previsão da Fundação Cearense de Meteorologia, houve registro de precipitações em 119 municípios de ontem para hoje. Na maioria das cidades onde as chuvas foram superiores a 50 milímetros, ruas e avenidas amanheceram alagadas. Em alguns locais houve queda de árvores e desabamento de muros residenciais e de fachadas de estabelecimentos comerciais.

A maior precipitação aconteceu no município de Ererê, que registrou 158mm. Com a intensidade das chuvas, houve transbordamento das águas do Açude Cantim, que acabaram invadindo algumas residências localizadas na parte mais baixa da cidade. Na zona rural do município, o gado precisou ser transferido para áreas mais altas por causa do rompimento de uma barragem no Sítio Pau-Ferrado.

Na manhã de ontem, alguns criadores realizaram buscas na tentativa de encontrar animais que desapareceram após terem sido carregados pelas águas da barragem. Uma estrada vicinal que liga a zona rural de Ererê ao município de Pau dos Ferros (RN), ficou totalmente intransitável por causa do surgimento de buracos e devido à correnteza dos rios Melancia e Conceição, que cobriram a pista de rolamento de veículos.

Na CE-138, um barranco cedeu e interditou parte da via que dá acesso ao município de Pereiro. O rio Figueiredo, outro importante manancial da região, também registrou aumentou significativo em seu volume de água.

Na região do Cariri, as chuvas trouxeram novos aborrecimentos aos moradores de áreas onde frequentemente ocorrem alagamentos. As ruas que formam o bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte, amanheceram, em grande parte, cobertas pelas águas. Durante grande parte da manhã de ontem motoristas tiveram dificuldades de se deslocarem pela Avenida Leão Sampaio, que liga a cidade ao município de Barbalha. Em alguns trechos da rodovia o trânsito ficou completamente paralisado. Na Avenida Plácido Castelo, um dos locais mais atingidos, moradores utilizaram um trator para se deslocarem.

No Centro da cidade, o trânsito apresentou lentidão devido à quebra de alguns semáforos. Nos bairros Mutirão, Novo Juazeiro, Betolândia e São José a maioria das vias públicas ficaram cobertas pela lama e pelo lixo trazido pelas águas provenientes de bocas de lobo e bueiros entupidos.

Em Crato, as precipitações caídas durante a madrugada de ontem atingiram 77mm, volume suficiente para também ocasionar vários prejuízos à população. Em alguns pontos da cidade, pluviômetros particulares registraram até 125mm. Por muito pouco o Canal do Rio do Grangeiro, na Avenida José Alves de Figueiredo, que separa o Centro de alguns bairros, não transbordou. O muro do cemitério público Nossa Senhora da Piedade desabou e vários túmulos foram danificados. A parede de pedra não suportou o volume de água, que também arrancou o portão da parte lateral do Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante. Segundo a administradora do Cemitério, Fátima Fernandes, esse é um problema que há vários anos vem acontecendo na cidade. Ela disse ter recebido vários telefonemas durante a madrugada informando sobre o incidente.

Por volta das 5 horas da manhã funcionários ligados ao setor de limpeza pública já estavam no local para retirar a grande quantidade de terra, principalmente dos túmulos atingidos. Antes de ser um cemitério, a área servia de passagem de um rio, que chegava até o Centro, passando pela Praça da Sé.

Numa área próxima ao cemitério, inclusive, onde fica o Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE), a água chegou a atingir cerca de um metro e meio de altura, quase cobrindo um orelhão na porta do prédio. Parte do Muro da AABB chegou a desabar.

Moradores da Rua Sagrada Família, no Centro da cidade, também estão preocupados com a grande quantidade de água e lama que desceu do local. Uma das casas está em risco iminente de desabar, mas os familiares ainda permanecem no imóvel, mesmo com a orientação da Defesa Civil da localidade. A chuva torrencial foi a que mais causou prejuízos até o momento na cidade. Nos bairros Seminário e Independência famílias decidiram mudar de casas, em risco de desabamento. Pela manhã, vários veículos retiravam lama e lixo de várias partes da cidade.

Na região Norte do Estado também houve registros de danos. A chuva intensa que caiu na tarde de ontem no município de Sobral provocou, principalmente, alagamentos e pontos de lentidão no trânsito. No centro da cidade e nos bairros Coelce e Parque da Cidade, os alagamentos provocaram uma lâmina de cerca de 50 centímetros por sobre as vias.

As ruas também ficaram tomadas pelo lixo porque os bueiros não deram conta das águas pluviais. "Eu estava indo pra casa, mas tive que ficar esperando porque a água estava quase pelo joelho. Vários carros pararam no trânsito porque havia muito lixo nas esquinas e os bueiros acabaram entupidos", comentou.

A região Centro-Sul também registrou precipitações caídas com maior intensidade. Em Iguatu, cerca de 80 famílias tiveram suas casas alagadas, com móveis e pertences destruídos. A pluviometria foi variada. Houve precipitações de 69mm, no Centro; 120mm no bairro Brasília; e de 135mm na localidade rural de Barreira dos Pinheiros.

Árvores caíram em várias ruas da cidade. Uma placa de publicidade desabou na madruga de ontem e uma casa de taipa foi parcialmente destruída na localidade de Barreira dos Pinheiros, na zona rural do município, onde a água invadiu cerca de 30 casas, atingindo móveis e eletrodomésticos. "Há 50 anos que moro aqui e nunca minha casa tinha entrado água, mas agora parte da parede caiu", lamentou o aposentado, Francisco Viana.

Na Travessa Estados Unidos, no bairro Brasília, cerca de 50 famílias também foram prejudicadas com a chuva. As casas foram alagadas e o nível da água ficou numa altura de 70cm no interior das residências, danificando móveis e pertences dos moradores.

"Perdi uma geladeira e o guarda-roupa que comprei na semana passada ficou estragado", disse a dona de casa, Cícera Viana. Pela manhã, funcionários da prefeitura recolheram árvores e iniciaram serviço de limpeza nas ruas e bueiros. Mesmo com a quantidade de danos ocasionados pelas precipitações, não há registros de solicitações realizadas nas últimas 24 horas à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará.

Prevenção

Conforme a assessoria de comunicação do órgão, planos emergências já estão sendo realizados em algumas regiões do interior cearense. Nenhum deles, no entanto, estão relacionados com danos ocasionados pelas precipitações registradas ontem. A Coordenadoria de Defesa Civil informou que, em casos de possíveis desmoronamentos em áreas de risco, os moradores destas regiões devem abandonar os locais imediatamente.

Se forem observados o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas, inclinação de tronco de árvores, de postes e o surgimento de minas d'água, a ordem é buscar abrigo em locais seguros e solicitar o auxílio do Corpo de Bomeniros, através do telefone 193, ou da própria Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, por meio do número fone 199.

Ontem, também choveu forte em Pereiro (130mm); São Gonçalo (102mm); Cedro (86mm); e Granja (75mm).

Conforme a Funceme, em razão da atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e de um Cavado de Altos Níveis (CAN), o Ceará deverá ficar com o céu entre parcialmente nublado a nublado com chuvas isoladas em todas as regiões neste sábado.

Roberto Crispim e sucursais
Colaboradores e repórteres

Mais informações

Funceme- (85)3101.1088
Defesa Civil do Estado
Em Fortaleza - (85)3101.4582
Geral -199

Corpo de Bombeiros -193

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