sexta-feira, 12 de junho de 2020

Fortaleza registra cerca de 2 mil casos de dengue a mais que mesmo período de 2019



Em meio ao cenário da pandemia de Covid-19, 3.561 casos de dengue foram confirmados somente em Fortaleza até o último dia 6 de junho, número capaz de reacender o alerta em relação à arbovirose.

Segundo os dados colhidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), são 2.206 confirmações a mais que o observado em igual período do ano passado, quando foram contabilizados 1.355 casos da doença.

Mesmo assim, afirma a pasta, a variação está dentro do esperado, caracterizando um cenário que ainda é considerado “positivo” devido à taxa de incidência no período, de 135,2 casos a cada 100 mil habitantes. De acordo com o coordenador de vigilância em saúde da SMS, Nélio Moraes, a situação é de baixa transmissão.

“Esses números representam, junto com 2018 e 2019, um dos períodos de menor intensidade de transmissão em Fortaleza. Mas todo aumento gera um sinal de alerta e atenção, porque não vencemos a dengue”, conta ao também lembrar que a projeção para o ano era maior devido à reintrodução da dengue tipo 2.

Porém, ele também faz questão de ressaltar fatores que colaboram para a persistente preocupação. O primeiro é o fato de que a cidade tem dois sorotipos virais circulando (1 e 2), enquanto o segundo é a concentração de casos em bairros da Regional VI, com 43% dos diagnósticos.

“O bairro Jangurussu sempre foi o local que mais acumula casos da doença em toda a série histórica, por sua dimensão, condições socioeconômicas e IDH. Também podemos incluir o Conjunto Palmeiras e até Messejana. Agora, estamos com sinal de alerta para a Sapiranga”, explica.

Até o dia 11 de maio, 5.774 casos de dengue haviam sido confirmados no Ceará. Foram 88 casos a menos, em comparação com igual período do ano passado, conforme dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Em 2020, 606 pessoas com dengue haviam sido internadas; o comparativo de 2019, porém, não foi informado pela Pasta.

Cuidados
Com os números abaixo do esperado, o biólogo Luciano Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que os sintomas podem ser a chave para entender a situação.

“Ou os casos realmente não estão acontecendo, o que eu não acredito, ou os pacientes estão tendo e sendo confundidos com Covid-19 e ficando em casa. Isso é preocupante porque estamos em um momento com muitos óbitos domiciliares, tem muita gente morrendo em casa. Alguns a gente consegue confirmar a Covid, porque estamos testando todos, mas como estamos proibidos de fazer a necropsia, não é feito teste para dengue”, opina.

Assim, os cuidados devem ser redobrados a qualquer sinal de aparecimento da doença. “Por isso, eu recomendo: se começar a apresentar esses sintomas, independentemente da assistência médica que você vai buscar, já aumenta a ingestão de líquido. Se for dengue, já é o tratamento preconizado. Se for qualquer outra virose, também ajuda”, diz.


Por G1CE

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