sábado, 10 de novembro de 2018

Mulheres estão mais atuantes em facções no CE e são vítimas de homicídio com mais frequência


Um fenômeno crescente nos últimos anos, que chegou ao auge no ano corrente, é a participação de mulheres em facções criminosas, o que elevou o número de pessoas do sexo feminino que são vítimas de homicídio. Entre as Áreas Integradas de Segurança (AIS), os maiores números de mulheres mortas estão na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no período de 2015 a outubro de 2018, conforme números obtidos pelo G1 com Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Em Fortaleza, a Área Integrada de Segurança 6 (onde ficam os bairros Amadeu Furtado, Antônio Bezerra, Autran Nunes, Bela Vista, Bonsucesso, Dom Lustosa, Henrique Jorge, João XXIII, Jóquei Clube, Padre Andrade, Parque Araxá, Parquelândia, Pici, Presidente Kennedy, Quintino Cunha e Rodolfo Teófilo) apresenta o pior número: 68 mortes de mulheres.

"Com a facção, há uma maior integração dessas meninas, tanto na dinâmica, na lógica do crime, mas também no controle dos corpos dessas mulheres. A menina que está em um bairro, dominado por uma facção não pode se relacionar com uma pessoa de outro bairro, que é o local de outro grupo. Isso tem gerado um morticínio de mulheres, porque essas meninas passaram a ser caçadas ou controladas", analisa o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), sociólogo Luiz Fábio Paiva.

A Área Integrada 11, que compreende os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, apresenta o maior número de mulheres mortas, nos últimos quatro anos: 114 casos. Foram 19 crimes no primeiro ano; 18, no segundo; 37, no terceiro; e 40 assassinatos, no ano atual, ainda incompleto.

Já a área 12 (Guaiúba, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape e Pacatuba) aparece em segundo lugar, com 88 mortes; e a área 13 (Aquiraz, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Horizonte, Pacajus e Pindoretama) em terceiro, com 81 ocorrências.

O coordenador de Planejamento Operacional da SSPDS, delegado Fernando Menezes, afirma que as mulheres estão sendo assassinadas e presas com mais frequência no Ceará e em todo o país.

"As mulheres estão participando mais de atividades criminosas. Isso influenciado por mídia negativa, propostas de vantagens maravilhosas de se adentrar no mundo do crime. Isso não é problema só do Ceará, mas em todo o Brasil. A polícia está atenta, e a lei é para ser cumprida para todos, independente de sexo", completa.

Menos mulheres foram assassinadas em áreas de Fortaleza


Quatro Áreas Integradas de Segurança - sendo três na capital - tiveram menos de 25 assassinatos de mulheres, desde 2015:

AIS 10 (bairros Cidade 2000, Cocó, Dionísio Torres, Engenheiro Luciano Cavalcante, Guararapes, Joaquim Távora, Lourdes, Manoel Dias Branco, Papicu, Praia do Futuro I, Praia do Futuro II, Salinas e São João do Tauape), com 20 mortes

AIS 1 (Aldeota, Cais do Porto, Meireles, Mucuripe, Praia de Iracema, Varjota e Vicente Pinzon), com 21 casos

AIS 5 (Aeroporto, Benfica, Bom Futuro, Couto Fernandes, Damas, Demócrito Rocha, Dendê, Fátima, Itaoca, Itaperi, Jardim América, José Bonifácio, Montese, Pan Americano, Parangaba, Parreão, Serrinha, Vila Pery e Vila União), com 24 mortes.

AIS 22 (municípios Aiuaba, Arneiroz, Catarina, Mombaça, Parambu, Piquet Carneiro, Quiterianópolis e Tauá), que também apresentou 24 mortes de mulheres, no período


Por Messias Borges, G1 CE

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