segunda-feira, 12 de novembro de 2018

No Ceará, partidos sob risco da 'linha de corte' fazem negociações


Após a cláusula de desempenho barrar o acesso a benefícios eleitorais de 14 dos 35 partidos do País por não terem alcançado desempenho mínimo nas urnas, neste ano, os dirigentes dessas siglas no Ceará apostam na fusão ou incorporação a outras legendas para sobreviverem. Ao mesmo tempo que aguardam uma definição no âmbito nacional, integrantes das siglas atingidas pela cláusula já negociam o embarque em outras agremiações.

Essa reviravolta entre os partidos ocorre porque vários deles não conseguiram cumprir a nova regra estabelecida para as eleições deste ano, a chamada cláusula de desempenho. A regra determinou que os partidos elegessem, pelo menos, nove deputados federais, de estados diferentes, se quisessem ter acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV.

O PCdoB é um dos partidos que não conseguiu conquistar a bancada mínima na Câmara Federal. Agora, a direção nacional da sigla estuda se unir a outras legendas atingidas pela cláusula, entre elas o PPL - que foi aliado do partido na disputa eleitoral deste ano em alguns estados.

Diante do cenário de incertezas, o presidente estadual do PCdoB, Luis Carlos Paes, avalia que, sem o Fundo Partidário, a situação financeira pesará sobre os estados.

"Lógico, que traz mais dificuldade pra nossa atuação, mas nós temos como superar isso através do esforço maior da militância. Uma das alternativas é continuar existindo com as ações políticas junto aos movimentos sociais".

No Ceará, o PCdoB perdeu uma vaga na Câmara, com a não-reeleição do deputado Chico Lopes. Segundo Luis Carlos Paes, mesmo juntando os 10 deputados federais eleitos no País, não alcançou a cláusula.

Incorporação

A Rede foi outro partido que não passou pela "linha de corte". No Estado, nenhum deputado federal foi eleito.

Para superar o desempenho ruim, o porta-voz da legenda, Adriano Alves, diz que a ideia é incorporar os filiados em outra sigla. "A (Executiva) Nacional me passou que estão conversando com o PV e com o PPS. A outra opção seria a gente caminhar sozinhos e buscar uma fusão em 2020. Aí teremos que aumentar o número de filiados, irmos atrás da ajuda dos próprios filiados, seria um trabalho redobrado", pensou.

Conversas

O presidente estadual do PHS, Márcio Aurélio, também espera uma definição da direção nacional sobre uma fusão com outros partidos.

"Existem conversas com o PRP, com o PMN. Na realidade, a gente só precisa que alguém faça a fusão conosco, aí poderemos sair com uma estrutura muito melhor e continuarmos o nosso trabalho mais tranquilo".

Enquanto isso, o deputado federal cearense eleito, Júnior Mano, do Patriotas, já cogita migrar para o PSL, do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro, principalmente após o seu atual partido ter sido barrado pela cláusula.

"A gente está tendo uma conversa com o PTC. Eles fizeram dois (deputados) federais, para nós, faltou 25 mil votos para atingir a cláusula. Recebi o convite da turma do Bolsonaro", revelou.

Além de Júnior Mano, o seu colega de partido, deputado estadual eleito, Apóstolo Luiz Henrique (Patriotas), também cogita mudar para o PSL.

O deputado estadual Ely Aguiar, do Democracia Cristã, também já disse que pode se filiar ao partido de Bolsonaro, uma vez que o partido dele não atingiu a cláusula de barreira. Aliás, os dois partidos se coligaram, neste ano, na disputa estadual para a Assembleia e para a Câmara.


Fonte: Diário do Nordeste

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