A pequena Nicole Oliveira, 8 anos, parece se inspirar na máxima o céu é o limite. Já nos primeiros anos de vida trocava bonecas por estrelas de pelúcia e demonstrava fascinação pelo espaço. A menina integra uma instituição de astronomia, é bicampeã da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica ouro em 2020 e 2021 e já detectou sete asteroides em desafios de um projeto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em parceria com a agência especial norte-americana, a Nasa.
A mãe de Nicole, Zilma Janacá,
afirma que aos dois anos a filha gostava de deitar no chão para olhar o céu. Mas
pela idade, a gente não levava tão em conta. Ela sempre apontava para o céu e
pedia muita estrela. Então, a gente deu muita estrela para ela de brinquedo, de
pelúcia, lembra a artesã.
Aos quatro anos, ela me pediu
um telescópio, mas a gente falou para ela que era um objeto muito caro, então,
não teria condições porque era do preço de uma festa [de aniversário]. Então,
imediatamente, ela respondeu troco todas as festas por um telescópio, disse a mãe.
Nicole faz parte do Centro de
Estudos Astronômicos de Alagoas (Ceaal), de onde ela e a família são naturais,
mas mora na capital cearense. A mãe de Nicole diz que ela é a mais jovem
associada de uma instituição de astronomia no país.
Depois do pedido pelo
telescópio, Zilma e o marido Jean Carlo começaram a ver que a paixão da filha
podia ser mais do que coisa de criança. A gente ficou surpreso e eu comecei a
prestar mais atenção nas coisas a que ela assistia. Ela não via desenho
animado, não gostava, nem das bonecas. Os interesses dela sempre foram o
universo, os planetas, as estrelas e ficar olhando para o céu, destaca Zilma.
Estudar engenharia espacial é
um dos sonhos da menina. O meu maior sonho é que todas as crianças do mundo
tenham acesso à ciência, tecnologia, astronomia e tudo que elas sonharem. E eu
quero muito me formar em engenharia aérea espacial para construir foguete e
levar as pessoas para o espaço, sonha a astrônoma mirim.
A mãe revela que Nicole sempre
teve tablet e celular (sem chip) para acessar a internet, e só acessava o site
da Nasa e YouTube, para ver lançamentos de foguetes e documentários especiais
de outros planetas.
Eu adoro estudar tudo do
universo, mas o que eu adoro mesmo é estudar sobre os asteroides e o meu
planeta favorito, que é Saturno, revela a pequena cientista, que é bicampeã da
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, ganhando ouro em 2020 e
2021.
Descoberta de asteroides
A "pequena cientista"
ingressou no programa Caça-asteroides, parceria da Nasa com o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e já detectou sete asteroides, mas falta
a análise da agência norte-americana sobre as descobertas.
Caso seja confirmada, Nicole
pode entrar para o Guinness Book, o livro dos recordes, como a pessoa mais
jovem a descobrir um asteroide.
Os primeiros asteroides foram
detectados na edição 2020 do Caça-asteroides, em que ela formou uma equipe com
o pai e a mãe. Em maio, junho e julho deste ano, Nicole participou de edições
do projeto na escola e também compondo equipe com outras crianças do clube de
ciência que ela própria iniciou.
Nos desafios, são enviadas às
equipes imagens do espaço captadas por telescópios para serem avaliadas pelo participante
e, em seguida, um relatório dos achados é entregue aos organizadores.
Nicole já tem cerca de 30
certificados em cursos sobre astronomia. A astrônoma mirim também se preocupa
com que outras crianças possam aprender e gostar sobre o tema. Por isso, ela criou um canal
próprio no Youtube e um perfil no Instagram para compartilhar os conteúdos com
outras crianças.
Confirmação da Nasa
A coordenadora do
Caça-asteroides MCTI, Silvana Copceski, comenta o processo de reconhecimento da
Nasa. "Os relato?rios sa?o revisados e validados pelo [Inter-Agency
Standing Committee] IASC ('Comitê Permanente Interinstitucional' em português)
e enta?o submetidos ao Minor Planet Center (MPC) em Harvard. O MPC e?
reconhecido pela International Astromonical Union (Paris) como o reposito?rio
oficial mundial de dados sobre asteroides", explica a pesquisadora.
A pesquisadora informa que
todo o processo, desde a primeira detecção até o status de descoberta, pode
levar de seis a oito anos.
"Com o tempo, se essas
detecções forem confirmadas por observações adicionais feitas por grandes
pesquisas do céu (por exemplo, Pan-STARRS, Catalina Sky Survey), elas podem se
tornar descobertas que são numeradas pela União Astronômica
Internacional", complementa Copceski.
Fonte: G1 CE
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