quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Fortaleza aterrou até 120 metros mar adentro em duas obras de engorda na Praia de Iracema

 


Com os dois processos de engorda da faixa de areia na região da Praia de Iracema, o aterro de Fortaleza tem, ao todo, desde 2019, até 120 metros. O tamanho decorre de duas obras, uma executada em 2000 e outra já finalizada em 2019. Atualmente, a cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, também passa por um processo de aterramento da faixa da orla.

O processo de requalificação da área em Fortaleza, que engloba a adaptação do calçadão, mudanças na Feirinha da Beira Mar e padronização dos quiosques deve ser finalizado, conforme o governo municipal, até o fim deste ano.

Antes do último aumento da faixa de areia, a Praia de Iracema já tinha 80 metros de aterro; em 2019, foram acrescidos mais 40 metros. Na Beira Mar, eram 20 metros e foram aterrados mais 80 metros. Somadas todas as áreas aterradas são 2 km de faixa, o equivalente a 18 quarteirões.

De acordo com o secretário de Infraestrutura de Fortaleza, Samuel Dias, o objetivo da obra em questão "é recuperar essa área de praia que estava sendo perdida por causa do processo de erosão costeira, trazer a praia de novo para as pessoas, implantar uma área urbanisticamente renovada, gerar renda, emprego e oportunidades de lazer e prática esportiva na área".

O processo de engorda causou polêmica entre a Prefeitura de Fortaleza e entidades ambientalistas. Enquanto o poder municipal garantia que os impactos ambientais seriam minimizados, organizações e pesquisadores apontavam a possibilidade de interferência na fauna e na flora da região.

A obra deve ser finalizada até o fim do ano. Conforme Samuel Dias, a área de engorda da faixa de areia já foi finalizada, só estão restando os acabamentos dos quiosques e a área na qual vai ficar a Feirinha da Beira Mar. Além disso, está sendo licitada uma nova área onde ficará uma pista de skate park.


Impactos

Para o geólogo Fábio Perdigão, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), cujo laboratório foi contratado pela Prefeitura para analisar os possíveis danos ao meio ambiente, o aterramento é uma das melhores formas de garantir a biodiversidade de um lugar.

"A melhor maneira de recompor o ambiente perdido, de forma natural é o aterro. Do ponto de vista de recomposição ambiental são as melhores obras que existem porque eu estou trazendo areia do próprio mar. Esses bichos retornam, retomam o seu lugar naturalmente. É assim que funciona o sistema ambiental", argumenta Perdigão.

Por outro lado, ele concorda que há pelo menos um impacto negativo: a declividade entre o mar e o próprio aterro para os banhistas. "A diferença entre a altura do aterro e as ondas é desconfortável pros banhistas e até representa risco", diz.

O secretário de Infraestrutura admite que há o problema, mas não vislumbra alguma ação efetiva que possa ser feita na região para reduzir o declive. "Ela [a praia] de fato aprofunda de uma forma mais rápida, mais brusca, mas em compensação não é agitada de muitas ondas, que cause tanta preocupação", cita.

A ação, segundo Samuel Dias, que está sendo intensificada é a presença de salva-vidas, com a construção de novos postos de salvamento na área. Ele afirma que não há obras que reduzam esse desnivelamento: "com a movimentação das marés, com as ressacas, a gente vai ter naturalmente um espalhamento maior daquela areia. Não está prevista ação de obra pra tratar essa questão, é com o tempo".

Conforme ele, também não houve nenhum prejuízo à fauna e flora da região, mesmo após dois anos. "Não teve nenhum prejuízo, nem lá na área onde foi feito o aterro, nem na área em que foi retirada a areia para trazer à praia. Todas essas áreas foram monitoradas e não se verificou nenhum prejuízo", ressalta.


Por G1 CE


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