Com os dois processos de engorda da faixa de areia na região da Praia de Iracema, o aterro de Fortaleza tem, ao todo, desde 2019, até 120 metros. O tamanho decorre de duas obras, uma executada em 2000 e outra já finalizada em 2019. Atualmente, a cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, também passa por um processo de aterramento da faixa da orla.
O processo de requalificação da área em Fortaleza, que engloba a adaptação do calçadão, mudanças na Feirinha da Beira Mar e padronização dos quiosques deve ser finalizado, conforme o governo municipal, até o fim deste ano.
Antes do último aumento da faixa de areia, a Praia de Iracema já tinha 80 metros de aterro; em 2019, foram acrescidos mais 40 metros. Na Beira Mar, eram 20 metros e foram aterrados mais 80 metros. Somadas todas as áreas aterradas são 2 km de faixa, o equivalente a 18 quarteirões.
De acordo com o secretário de Infraestrutura de Fortaleza, Samuel Dias, o objetivo da obra em questão "é recuperar essa área de praia que estava sendo perdida por causa do processo de erosão costeira, trazer a praia de novo para as pessoas, implantar uma área urbanisticamente renovada, gerar renda, emprego e oportunidades de lazer e prática esportiva na área".
O processo de engorda causou polêmica entre a Prefeitura de Fortaleza e entidades ambientalistas. Enquanto o poder municipal garantia que os impactos ambientais seriam minimizados, organizações e pesquisadores apontavam a possibilidade de interferência na fauna e na flora da região.
A obra deve ser finalizada até o fim do ano. Conforme Samuel Dias, a área de engorda da faixa de areia já foi finalizada, só estão restando os acabamentos dos quiosques e a área na qual vai ficar a Feirinha da Beira Mar. Além disso, está sendo licitada uma nova área onde ficará uma pista de skate park.
Impactos
Para o geólogo Fábio Perdigão, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), cujo laboratório foi contratado pela Prefeitura para analisar os possíveis danos ao meio ambiente, o aterramento é uma das melhores formas de garantir a biodiversidade de um lugar.
"A melhor maneira de recompor o ambiente perdido, de forma natural é o aterro. Do ponto de vista de recomposição ambiental são as melhores obras que existem porque eu estou trazendo areia do próprio mar. Esses bichos retornam, retomam o seu lugar naturalmente. É assim que funciona o sistema ambiental", argumenta Perdigão.
Por outro lado, ele concorda que há pelo menos um impacto negativo: a declividade entre o mar e o próprio aterro para os banhistas. "A diferença entre a altura do aterro e as ondas é desconfortável pros banhistas e até representa risco", diz.
O secretário de Infraestrutura admite que há o problema, mas não vislumbra alguma ação efetiva que possa ser feita na região para reduzir o declive. "Ela [a praia] de fato aprofunda de uma forma mais rápida, mais brusca, mas em compensação não é agitada de muitas ondas, que cause tanta preocupação", cita.
A ação, segundo Samuel Dias, que está sendo intensificada é a presença de salva-vidas, com a construção de novos postos de salvamento na área. Ele afirma que não há obras que reduzam esse desnivelamento: "com a movimentação das marés, com as ressacas, a gente vai ter naturalmente um espalhamento maior daquela areia. Não está prevista ação de obra pra tratar essa questão, é com o tempo".
Conforme ele, também não houve nenhum prejuízo à fauna e flora da região, mesmo após dois anos. "Não teve nenhum prejuízo, nem lá na área onde foi feito o aterro, nem na área em que foi retirada a areia para trazer à praia. Todas essas áreas foram monitoradas e não se verificou nenhum prejuízo", ressalta.
Por G1 CE
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