quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ceará é o estado mais restritivo durante quarentena, diz Ipea



O Ceará teve o índice mais alto na avaliação de medidas legais de distanciamento social durante a pandemia de coronavírus, segunda pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em uma avaliação de de 0 a 10, em que 10 é o mais restrito, o Ceará teve pontuação 9,2). O estudo, divulgado nesta terça-feira (12), analisa a relação entre as ações governamentais para o distanciamento social e o isolamento de fato, no período de 27 de abril a 10 de maio.

Depois do Ceará aparecem Pernambuco (8,3), Alagoas (7,5), Amazonas (7,5) e Rio Grande do Norte (7,5). Os índices mais baixos foram atribuídos aos estados de Santa Catarina, com 4,2 na última análise, além da Bahia, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins com 3,3 cada.

O Ceará é também um dos estados mais afetados pela doença. No fim da tarde desta quarta-feira (13), Fortaleza ultrapassou a marca de mil pessoas mortas em decorrência da Covid-19. No Ceará, são 1.389 óbitos. Por conta do número crescente, Fortaleza adotou um lockdown, medidas mais rígidas de distanciamento social.

Trabalho com os municípios
O Ceará, com base em um trabalho realizado entre 11 de março e 10 de maio, foi classificado como “articulador”. Isso significa que o governo estadual foi capaz de formular posições conjuntas com prefeituras, especialmente a da Capital, seja para a adoção de medidas restritivas ou medidas pouco rigorosas, como avalia o estudo.

“As medidas de distanciamento tem sido cada vez mais uma resposta à gravidade da epidemia, em uma determinada área geográfica, do que uma medida preventiva que poderia evitar um cenário de epidemia mais grave”, analisa o economista e pesquisador responsável pelo documento, Rodrigo Fracalossi de Moraes.

Morais acrescenta que onde a pandemia se propaga com maior gravidade, como Pará, Ceará, Amazonas, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, são mantidas ou ampliadas as medidas de distanciamento social.

Outras conclusões do estudo indicam a descentralização das políticas de distanciamento social, cada vez mais a cargo das prefeituras. “Por um lado, em algum momento, a gravidade da situação se impõe e força governos a adotar medidas mais rígidas, mas ao mesmo tempo - nos locais em que a gravidade é menor -, parecem ter dificuldade de sustentar uma política de distanciamento”, acrescenta Rodrigo sobre o cenário nacional.

Sobre as definições para o relaxamento das medidas de distanciamento social, o pesquisador defende uma padronização dos critérios para evitar as chances de saídas caóticas. “Os critérios para se relaxar as medidas de distanciamento devem ser estabelecidos por autoridades da área de saúde pública. Alguns dos critérios que têm sido colocados são, por exemplo, taxa de transmissão do vírus, disponibilidade de leitos de UTI, dentre outros”, ressalta.


Por Lucas Falconery, G1 CE

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