quarta-feira, 21 de abril de 2021

Estrutura cedeu e provocou queda de jovem que morreu durante grafitagem no Edifício São Pedro, diz secretaria



O acidente que provocou a morte de uma jovem durante uma grafitagem no Edifício São Pedro, na Praia de Iracema, em Fortaleza, foi provocada pela queda de parte da estrutura do prédio, conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Quatro dias antes do ocorrido, a jovem publicou um vídeo em sua rede social no interior da estrutura.

Segundo a SSPDS, Renata Nakayama, 23 anos, estava grafitando na parte superior do prédio abandonado quando parte da estrutura cedeu e ela caiu do terceiro até o primeiro andar.

Após o acidente, o Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) foram acionados para a ocorrência.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também compareceu para prestar socorro à vítima, mas Renata veio a óbito.

Conforme a Secrtaria, uma pessoa que estava com ela no momento do acidente foi ouvida na sede do 2° Distrito Policial (DP), onde o caso foi registrado. O corpo da jovem foi levado à sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) por uma viatura da instituição.


Vídeo

Na postagem, divulgada na última quinta-feira (15), com a legenda "demorei, mas cheguei", Renata Nakayama, 23 ano, aparece caminhando no interior do Edifício São Pedro, em seguida ela faz grafites nas paredes do prédio com o apelido "Jap". Nas imagens, é possível ver que o local está com a estrutura bastante deteriorada.

Conforme o grafiteiro e lutador de MMA, Jefferson Rodrigues, que acompanhou a jovem no dia que as imagens foram gravadas e, segundo ele, a primeira vez que a jovem entrou no Edifício para grafitar as paredes foi na quinta-feira. Segundo ele, no dia que o acidente aconteceu, era a segunda vez dela no local.

"A gente se aproximou agora, tem pouco tempo, a gente já tinha se visto em outros eventos de grafite, mas sair para pintar junto a primeira vez foi no edifício (São Pedro) e ela fez bastante nome lá, acredito que um por andar", relembra o amigo.

A jovem fazia parte de um grupos de grafiteiros e há cerca de três anos atuava pintando muros, de acordo com Jefferson. Várias publicações na rede social da jovem mostram ela grafitando e pichando em estruturas abandonadas e equipamentos públicos.

De acordo com o artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais, pichar ou por outro meio conspurcar (sujar, manchar) edificação ou monumento urbano gera pena de detenção de três meses a um ano, e multa.


Queda



Segundo testemunhas, a vítima estava com um grupo de pelo menos três pessoas, quando houve a queda, na noite desta segunda-feira.

Equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) tentaram reanimar a vítima, mas ela não resistiu aos ferimentos.

O Edifício São Pedro é tombado desde o ano de 2015. Ele foi o primeiro da orla marítima de Fortaleza, inaugurado em 1951. A estrutura, contudo, está abandonada e tem sido alvo de saqueadores, além de servir de abrigo para alguns moradores em situação de rua.

Pouco depois da inauguração, transformou-se no Iracema Plaza, passando a operar 75% como hotel. O auge do prédio foi entre as décadas de 1960 e 1980, data da última reforma. Durante 20 anos, o térreo do edifício foi local do Restaurante Panela, frequentado pela alta sociedade local.


Ação contra reformas
Em setembro de 2018, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) ajuizou uma ação civil pública para tentar impedir a demolição ou reforma do edifício. O local aguarda parecer do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic) para tombamento definitivo.

Segundo o Ministério Público, a Prefeitura Municipal de Fortaleza tem um projeto de transformar o edifício em um prédio comercial. Em 2015, a Gestão Municipal chegou a apresentar Análise de Orientação Prévia para que fosse recuperada a estrutura física da edificação, buscando destinar o local a atividades de hotel, comércio/serviços e residência. A análise foi aprovada em 2016 pela Comissão Permanente de Avaliação do Plano Diretor (CPPD).

Em outubro de 2017, o Ministério Público já havia instaurado inquérito civil público solicitando que fossem levantadas informações a respeito de projetos envolvendo a demolição ou reforma do São Pedro.


Por G1 CE


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