terça-feira, 27 de abril de 2021

'Continuarei lutando por essa autorização', afirma governador do Ceará após negativa da Anvisa em importar vacina russa



O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) afirmou, na noite desta segunda-feira (26), que vai permanecer tentando trazer a vacina russa Sputnik V para a imunização contra a Covid-19. A declaração foi feita logo depois da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em negar o pedido de autorização excepcional para a importação do imunizante russo.

"Embora respeite a decisão da Anvisa de veto ao uso emergencial da Sputinik V neste momento, não posso deixar de expressar minha decepção e estranheza, pelo fato da mesma vacina já ser usada em muitos países, e com eficácia demonstrada. O próprio Comitê Científico do Nordeste se posicionou favorável ao uso da Sputinik V", expressou Camilo.

O gestor também teceu críticas à agilidade na distribuição da vacina pelo Governo Federal. "Continuarei lutando por essa autorização, de forma segura e seguindo todas as regras, para podermos trazer a vacina para nossa população o mais rápido possível, principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas aos estados. O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo. Isso é absolutamente inaceitável".


Resumo da decisão da Anvisa

  • Decisão unânime foi tomada após 14 estados pedirem autorização para importação emergencial de quase 30 milhões de doses;
  • Três gerências técnicas da agência (medicamentos, fiscalização e monitoramento) deram pareceres contra a importação;
  • Anvisa apontou que NÃO recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e NÃO conseguiu localizar o relatório com autoridades de países onde a vacina é aplicada;
  • Anvisa diz que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da vacina não têm tradição na análise de medicamentos; além disso, em 23 países com contrato, a vacinação não começou;
  • Gerência de Medicamentos apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, explicou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças;
  • Gerência de Inspeção e Fiscalização relatou que técnicos da Anvisa não puderam visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia; dos sete pontos previstos, técnicos conseguiram visitar apenas três locais;
  • Fundo Russo tentou cancelar inspeção presencial e não autorizou acesso ao Instituto Gamaleya, que faz o controle de qualidade;
  • Anvisa não conseguiu identificar os fabricantes da matéria prima da vacina.


Acordo de compra

O Ceará adquiriu um lote de 5,87 milhões de doses do imunizante russo, conforme anunciado pelo governador Camilo, e confirmado no último dia 19 de março. O lote comprovado, se aprovado, deveria começar a chegar neste mês de abril.


Por G1 CE


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