terça-feira, 30 de abril de 2024

Familiares de vereador morto por garçom em restaurante não sabem o motivo do crime: 'Não tem como não chocar'

 


Os familiares do vereador César Araújo Veras (PSB), de 51 anos, relataram não saber o que pode ter motivado a morte dele. O parlamentar foi assassinado por um garçom em um restaurante de Camocim, no Ceará, neste domingo (28). Outros dois homens (um deles dono do estabelecimento) também foram esfaqueados pelo garçom Antônio Charlan Rocha Souza — preso no mesmo dia do crime.

“A pessoa estar sadia, sair para almoçar com a família e acontece uma fatalidade dessa... Não tem como não chocar, não tem como não doer dobrado. É isso que a gente sente. Que Deus nos conforte, porque é disso que a gente está precisando agora, de conforto”, lamentou Elda Raquel Veras Barros, prima da vítima.

Os outros feridos são o dono do restaurante, Euclides Oliveira Neto, de 55 anos; e um cliente que estava no local, identificado como Fábio Roberto de Castro Sousa, de 56 anos. Antônio Charlan foi preso ainda no domingo.

Elda Raquel comentou ainda que a família estranha o fato de que a vítima e o garçom tinham uma boa relação antes do crime. “A família está muito abalada, sem condição de falar. Estamos sem palavras. O César era querido até pela pessoa que tirou a vida dele. Acostumado a brincar com ele, a gente sentava junto [no restaurante], inclusive, meu esposo. Ele sempre bem-humorado. Não sei o que aconteceu”, disse Elda.

“É um momento muito doloroso, uma morte trágica, que é o que tem causado mais dor na família, porque a morte é uma coisa da qual a gente não foge, mas não foi normal. Então, a dor é muito grande”, complementou.

A incerteza com relação à motivação do crime também foi citada por Jandira Veras, outra familiar da vítima. “É uma coisa muito difícil da gente entender, mas o povo diz que ele [garçom] tinha dado um surto. Nós não sabemos como foi que aconteceu, porque dizem que esse garçom era uma pessoa muito boa, se dava com todo mundo”, disse.

“Muito doloroso porque foi uma coisa muito trágica. Uma coisa que a gente não esperava. Estavam ele, a esposa e os dois filhos e mais alguém da família. Sem nada, o cara veio e sangrou ele na garganta. Ele saiu correndo para pedir socorro, mas, ao chegar no carro, ele caiu logo. E a esposa dele correndo atrás”, complementou Jandira.

O garçom Antônio Charlan Rocha Souza trabalhava há 13 anos no restaurante onde o crime aconteceu. O Tribunal de Justiça do estado disse ainda que Antônio Charlan conhecia as três vítimas e não tinha desavenças com elas.

O TJCE informou que, em depoimento, o suspeito declarou que viu a arma do crime enquanto estava bebendo água. Após isso, ele se dirigiu até as vítimas e iniciou os esfaqueamentos. O garçom falou ainda que só lembrou do que havia feito quando foi parado pelos policiais.

O delegado Marcos Aurélio França, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Região Norte, comentou sobre a prisão do suspeito. "O autor afirmou que não recordava dos fatos. Chegou-se à conclusão, a princípio, de que não há vínculo pessoal, algum link, entre autor e vítima. Porém, já está bastante claro a autoria e a materialidade do crime", disse.

"A gente espera que, no decorrer da investigação, nós tenhamos bem clara a motivação, o que levou esse garçom a perpetrar esse bárbaro crime", complementou o delegado.

A Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito, nesta segunda-feira (29), durante audiência de custódia realizada pelo 5º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito, no município de Sobral, na região norte do Ceará.

O vereador morto tinha chegado ao estabelecimento poucos instantes antes de ser esfaqueado. Um vídeo de câmera de segurança do restaurante flagrou toda a ação.

Após a chegada de César Veras, o garçom foi até ele e o atacou com uma faca na região do pescoço. Depois de lesionar o vereador, o funcionário foi até o cliente Fábio Roberto, que estava sentado em uma das mesas, e o lesionou nas costas. Por fim, ele atingiu Euclides, dono do restaurante, no abdômen.

Conforme a Secretaria de Segurança do Ceará (SSPDS), o suspeito tentou fugir, mas foi preso por equipes do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) no Bairro Tijuca, na saída da cidade de Camocim. A arma usada no crime foi apreendida.

Após a prisão, o homem foi conduzido para a Delegacia Regional de Sobral, unidade plantonista da Polícia Civil na região, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa e duas tentativas de homicídio qualificado.

O estabelecimento onde o crime ocorreu fica na orla do município, que tem cerca de 64 mil habitantes. A Prefeitura de Camocim, por meio da assessoria de imprensa, informou que o empresário ferido foi transferido para Sobral, e não corre risco de morrer. Fábio Roberto também tinha quadro de saúde estável e não corre risco de morte, até a última atualização desta reportagem.

A Câmara Municipal de Camocim emitiu nota lamentando a morte do vereador. A Casa disse que "lamenta profundamente a perda do ex-presidente, vereador César Veras, que de, forma precoce, nos deixou neste domingo".

"Nesse momento de pesar, nos solidarizamos aos familiares e amigos enlutados", complementou.

O governador do estado, Elmano de Freitas, também lamentou a morte do vereador. "Recebi com profundo pesar a notícia da morte do vereador César Veras, ex-presidente da União dos Vereadores e Câmaras do Ceará (UVC), vítima de um crime bárbaro em um restaurante de Camocim", disse.

"Determinei rigor máximo na apuração dos fatos. Nossas forças de segurança já prenderam o suspeito, que será colocado à disposição da Justiça. Minha solidariedade a todos os familiares, amigos e companheiros de trabalho do vereador", destacou o governador.

 

Por Samuel Pinusa, g1 CE

 

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