quinta-feira, 15 de abril de 2021

60% dos bebês hospitalizados se recuperaram da Covid-19 no Ceará



Dos 47 bebês hospitalizados com Covid-19 no Ceará em 2021, 28 superaram a doença e 19 vieram a óbito. Apesar do número de internações de crianças com menos de um ano acometidas pelo vírus ser menor do que o de adultos, os pacientes nesta faixa etária têm sido mais afetados na segunda onda da pandemia.

As hospitalizações dos primeiros três meses de 2021 já correspondem a 29,7% das 158 registradas em 2020. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), lançado em 8 de abril.

Entretanto, ainda de acordo com o documento, o número de mortes nessa faixa etária (menos de um ano) de janeiro até 6 de abril de 2021 já corresponde a 79% da quantidade registrada até dezembro de 2020 pela secretaria (24 óbitos).

Em relação aos casos confirmados da doença, 2021 já conta com 1.392 bebês infectados. Isso equivale a 63% dos casos positivos do primeiro ano de pandemia no Ceará, que somaram 2.208.

''Era esperado que o número de crianças internadas aumentasse, porque a exposição dessas crianças aumentou. Mesmo que elas, proporcionalmente em relação aos adultos, compliquem menos, quando o número de infecções aumenta, a proporção [de casos com complicações] segue'', afirma o infectologista pediatra Robério Leite.


Recuperação

Pétala Régis de Oliveira Vera, de 2 meses, teve de passar 13 dias internada devido a complicações no quadro de Covid-19. Depois de todos da família pegarem a doença ao mesmo tempo, no fim de fevereiro, Layza Régis de Oliveira (26), mãe da bebê, ficou aliviada com o teste negativo da filha. No entanto, dois dias após o resultado, Pétala começou a ter febre intensa e recorrente.

''Internaram ela justamente no dia que ela fez 30 dias. Ela era muito pequena e os médicos estavam entre duas coisas: covid e pneumonia. Porque deu alteração no sangue e no pulmão, como se tivesse um pouco de secreção''.

O resultado positivo do segundo exame confirmou as suspeitas de Covid-19. Após tratamento intenso, com fisioterapia pulmonar duas vezes ao dia, Pétala conseguiu superar a doença e a dificuldade de respirar apresentada durante a internação.

A ansiedade, de acordo com Layza, era ainda maior devido às complicações respiratórias que a bebê teve no parto. A mãe conta que Pétala inalou o mecônio durante o nascimento, o que corresponde às primeiras fezes da criança. Por isso, as primeiras horas de vida foram tensas, em observação e com ajuda de oxigenação externa.

''A gente sabe que a covid não é uma doença que melhora e fica tudo ok. Se eu tenho sequelas, então pra ela, que é um bebê tão pequenininho, que já nasceu com essa dificuldade, a gente ficou com muito medo de talvez ela não resistir''.

Apesar das dificuldades no parto e da Covid-19, não há sinais de sequelas em Pétala. ''Tive muito medo. Então, quando a doutora falou que ela estava liberada, foi uma mistura de felicidade, alívio e gratidão. É inexplicável'', lembra Layza.

''Para a glória de Deus, deu tudo certo. Ela tá crescendo bem, tá gordinha'', conta. A observação de sintomas ainda é rotina na casa da família, mas tudo indica que Pétala teve a saúde restaurada.


Sequelas

''É uma doença nova, a gente ainda está aprendendo quais são as sequelas a longo prazo'', diz o infectologista. Apesar de que muitas sequelas possam ser tratadas, Robério explica que é necessário um acompanhamento após a doença. Por serem crianças muito novas, danos no pulmão e no coração causados pela Covid-19 correm o risco de prejudicarem o desenvolvimento de órgãos.


Fonte: Diário do Nordeste

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