quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Produção industrial cresce 8,5% no Ceará, mas deve fechar ano em queda

 


Mais uma vez, a produção industrial cearense apresentou um desempenho superior ao observado no Nordeste e na média nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção estadual teve uma evolução de 8,5% em setembro deste ano ante igual período de 2019. O resultado fica acima dos 3,2% indicado para a Região, e dos 3,5% de alta para o País no mesmo período. Contudo, especialistas apontaram que, mesmo com um movimento de altas constantes no segundo semestre, a indústria cearense deve fechar o ano em queda.

Segundo o gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, os impactos causados pela paralisação forçada da economia estadual como medida de contenção à propagação do novo coronavírus foram grandes. Ele destacou que, apesar de o setor apresentar sinais de uma recuperação constante neste segundo semestre, o prejuízo durante os meses de quarentena deverá se sobressair no resultado anual para a produção.

Atualmente, no acumulado deste ano (janeiro a setembro), o IBGE indica uma queda de 11,9% para a indústria cearense. Nos últimos 12 meses, há um encolhimento de 8,2%. Para o Nordeste, o levantamento indica quedas de 5,6% no acumulado de 2020 e 3,8% para os últimos 12 meses.

Segundo Muchale, os segmentos responsáveis por puxar a alta da produção industrial do Ceará em setembro foram a indústria de produção de alimentos, que acumula altas de 26% em setembro e 15% no ano; a produção de petróleo, que cresceu 15% no mês e 32% em 2020; além da fabricação de produtos não-metálicos, que tiveram alta de 15% em setembro - resultado que foi puxado pela venda de materiais de construção.

O gerente do Observatório da Indústria ainda destacou os bons resultados da indústria de calçados e bebidas, que registraram alta de demanda nos últimos meses por conta da retomada econômica. Na avaliação dele, a expectativa do setor é manter o ritmo de crescimento e recuperação econômica para que, em 2021, o setor possa apresentar níveis de evolução.

Segundo análises do Observatório, a indústria é o setor econômico que deverá puxar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no próximo ano.

"Ainda devemos fechar com uma queda em 2020. Essa alta acelerada não deve ser capaz de compensar as quedas dos meses que passamos parados, mas é importante para mitigar os danos e as quedas no número de empregos", disse Muchele. "2021 será um ano de crescimento, todas as previsões indicam isso e em um cenário que não gere novas paralisações (da atividade econômica). É um cenário de alta do PIB nacional em 4%, com a indústria puxando esse número. O nosso setor que deve puxar o crescimento no Nordeste e no País".


Auxílio emergencial

Contudo, apesar das perspectivas otimistas, o economista Alex Araújo apontou que o Brasil precisará rediscutir a rede de proteção social para manter os níveis de crescimento durante o próximo ano. Como o auxílio emergencial deverá ser suspenso a partir de janeiro de 2021, há grandes chances, segundo Araújo, de que a economia nacional passe por uma "parada econômica" causada pela redução da demanda no mercado.

Ele ainda destacou que a indústria está apresentando bons níveis de recuperação nos últimos meses, mas a taxa de utilização da capacidade instalada do setor ainda está muito baixa. A estratégia estaria sendo usada por industriais para contornar a crise a redução da capacidade de comprar do consumidor. "O auxílio tá sendo essencial para a manutenção dos níveis econômicos durante a pandemia", defendeu Araújo.


Fonte: Diário do Nordeste


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