terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Assim como na pandemia de Covid, alunos de Fortaleza usaram máscaras durante surto de meningite nos anos 80



A Covid-19 não foi a primeira doença a motivar o uso de máscaras no Ceará para evitar potenciais contaminações. Em agosto de 1988, embora com proporções e gravidade totalmente diferentes do que ocorre atualmente com a pandemia, Fortaleza vivenciou um aumento de casos de meningite, o que fez com que alguns estudantes assistissem às aulas usando o item. Imagens da TV Verdes Mares da época mostram alunos e professores utilizando máscaras de proteção.

Em meados da década de 1980, o Ceará passava por uma alta nos registros de meningite tipo B. Em 1987, a Secretaria de Saúde do Ceará registrou 53 ocorrências da doença. Em 1988, foi contabilizado um total de 85 casos confirmados de meningite, o que representava um aumento de cerca de 60% em comparação ao ano anterior.

No ano seguinte, o número continuou a subir, chegando a 130 infectados. Durante uma entrevista em março do mesmo ano, Marco Penaforte, que ocupava o cargo de secretário de Saúde na época, afirmou que a quantidade de casos já era esperada. "Não existe o tal surto", declarou em coletiva.

O receio de ser contaminado fez com que o empresário Pedro Fiúza, 40, então com oito anos, decidisse utilizar a máscara em sala de aula, apesar de sua escola não ter registrado nenhum caso de meningite. Em entrevista concedida ao Sistema Verdes Mares em 12 de agosto de 1988, ele explica que tinha medo de que "o bichinho entrasse em seu nariz ou boca" e o deixasse doente. Pedro chegou a faltar aula por três meses.


Por Bárbara Câmara, Beatriz Rabelo, João Duarte e Cadu Freitas, G1 CE


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